sexta-feira, 14 de setembro de 2012

ECONOMIA: Brasil já coordena estratégia contra ‘tsunami monetário’

Do ESTADAO.COM.BR
João Villaverde, de O Estado de S. Paulo

Depois de conversar com Dilma, Mantega disse não hesitará em usar arsenal para evitar valorização do real
BRASÍLIA - Preocupada com um possível retorno do "tsunami monetário", a presidente Dilma Rousseff já coordenou com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a estratégia de resistência aos possíveis efeitos das medidas tomadas nessa quinta-feira, 13, nos Estados Unidos.
Pouco depois de o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciar que injetará mensalmente US$ 40 bilhões em dinheiro novo na economia dos Estados Unidos para reanimar a economia, Dilma e Mantega conversaram por telefone.
O governo federal não vai permitir que o real se valorize caso esses dólares emitidos pelo Fed engrossem o fluxo de capital para o Brasil - o que poderia valorizar o real mais do que o governo gostaria.
Após o telefonema, Mantega desceu do quinto andar do Ministério da Fazenda para o auditório, no andar térreo, para anunciar a desoneração da folha de pagamentos para 25 setores da economia. Aproveitou a coletiva à imprensa para comunicar a estratégia ao mercado financeiro.
"Não deixaremos ocorrer uma valorização do real por causa da medida (do Fed)." O ministro acrescentou que o governo poderá lançar mão a qualquer momento do arsenal de medidas de que dispõe para manter o real desvalorizado.
"Já enfrentamos o QE1 e QE2, que eram até maiores", disse Mantega, em referência às políticas de expansão quantitativa (na sigla em inglês, QE) adotadas pelo Fed entre meados de 2010 e o início de 2011.
‘Tsunami monetário’
Naquelas ocasiões, a forte injeção de dólares na economia americana inflou os fluxos de capitais para países emergentes, num movimento que a presidente Dilma, no ano passado, apelidou de "tsunami monetário". O governo entende que ainda é prematuro afirmar que o fluxo de dólares vai aumentar, mas a estratégia na equipe econômica já está pronta.
Na última terça-feira, quando anunciou o pacote de reforma do setor elétrico, Dilma chegou a afirmar que o atual patamar do real foi conquistado após "ações efetivas para que a moeda, artificialmente valorizada por tsunamis monetários e por políticas monetárias de combate à crise nos países desenvolvidos, deixasse de ser um entrave ao mercado interno".
O entendimento inicial do governo é que instrumentos existem e devem ser usados para evitar que o real volte a se valorizar. Entre os mecanismos estão a compra de dólares, por parte do Banco Central (BC), no mercado à vista, e a venda de contratos de swap cambial reverso no mercado financeiro, numa operação que equivale a compra de dólares no mercado futuro.
Uma frase, creditada ao ex-ministro Antonio Delfim Netto, tem sido repetida por economistas do governo e auxiliares presidenciais em Brasília: "Mesmo com todo o corte efetuado pelo Banco Central na taxa básica de juros, a Selic a 7,5% ao ano num cenário global de juro zero é o último peru no dia de ação de graças".
(Colaboraram Adriana Fernandes, Célia Froufe e Renata Veríssimo)

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