terça-feira, 11 de setembro de 2012

ECONOMIA: BCs veem economia global perto da recessão


Do ESTADAO.COM.BR
Jamil Chade, correspondente de O Estado de S.Paulo

Documento dos BCS obtido pelo ‘Estado’ indica que crise será mais forte que se previa

BASILEIA - Apesar dos esforços de governos em todo o mundo, da criação do G-20, de reformas e planos, o mundo caminha para uma intensificação da crise. A desaceleração da economia internacional vai se aprofundar de forma significativa até o fim do ano e já não se exclui que o mundo passe muito perto de mais uma recessão.
Projeções feitas no domingo na Basileia pelos maiores bancos centrais e obtidas com exclusividade pelo Estadoindicam que a nova crise será mais forte e mais prolongada do que se estimava, obrigando governos a se adaptarem a um novo período de intensa turbulência.
Presidentes dos principais BCs - entre eles, o do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi - participaram no fim de semana da reunião periódica do Banco de Compensações Internacionais (BIS), na Basileia. Dessa vez, porém, participantes da reunião admitem: o clima foi pesado, pessimista e com a constatação de que projeções oficiais de crescimento serão revistas, desmentindo versões oficiais. Para alguns, o que mais preocupa é que ninguém parece ver uma luz no fim do túnel.
Se o sentimento dos xerifes das finanças se concretizar, o mundo corre o risco de viver sua segunda recessão em menos de quatro anos, no pior dos cenários alertados por analistas. A primeira constatação dos BCs foi de que a economia global sofreu "deterioração" nos últimos dois meses. Mas o pior estaria ainda por vir. Indicadores apontam que o atual trimestre será marcado por um "enfraquecimento significativo da produção e demanda" nos países avançados.
Para os BCs, não há dúvida de que a situação na zona do euro continua "particularmente frágil". Os presidentes dos BCs chegam a destacar em especial a situação da Alemanha, alertando que a maior economia da Europa poderá sofrer uma "desaceleração ainda maior". Os BCs não deixam de destacar que a confiança dos empresários e os pedidos ao setor industrial estão em queda "contínua" desde maio.
Revisão. O resultado desse cenário será uma revisão do crescimento, tanto para 2012 quanto para 2013. A reunião ocorria ao mesmo tempo em que dados divulgados na China e na França confirmavam o pessimismo. As exportações da segunda maior economia do mundo cresceram menos do que se esperava em agosto (2,7%). Mas o que mais chamou a atenção dos BCs foi a queda no consumo interno chinês. As importações caíram 2,6%, sinal da perda de fôlego da economia chinesa e do consumo doméstico. Pequim vinha tentando compensar a queda nas exportações - provocada pela crise na Europa - com incentivos locais ao consumo.
Os dados confirmaram ainda uma tendência que já vinha sendo alvo de preocupação: a de que a produção industrial chinesa sofreu o maior freio em três anos. No fim de semana, o chinês Hu Jintao deu o alerta. "A economia mundial está hoje em lenta recuperação e ainda existem fatores desestabilizantes e incertezas. O impacto da crise ainda está longe de terminar." Vladimir Putin, presidente russo, foi no mesmo caminho: "A recuperação da economia global está patinando". Para os BCs, não há dúvida de que a economia global caminha para uma forte desaceleração.
Os bancos centrais estão preocupados com a incapacidade de governos de levar adiante as reformas e dos bancos de pôr as contas em dia. Para alguns deles, os governos perderam a chance de fazer os ajustes e, agora, terão de cortar gastos enquanto a economia volta a despencar.
Por enquanto, a projeção oficial do Fundo Monetário Internacional (FMI) é de que a economia mundial crescerá 3,5%. Mas a revisão das projeções na Europa, a desaceleração da Alemanha, a criação de postos de trabalho nos EUA abaixo do esperado e a situação na China já colocam pressão por novos números.
O FMI já apresentou em julho uma revisão do crescimento para 2013, de 4.1% para 3,9%. Segundo fontes de BCs, a entidade já está recalculando a taxa para 2012. Documentos internos da OIT também indicam desaceleração ainda maior nos últimos meses deste ano, quando as medidas de austeridade se traduziriam em perdas reais. A avaliação dos BCs, ontem, é de que o mundo caminha mesmo para nova desaceleração.

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