Do UOL, em BrasíliaCamila Campanerut
O jornalista Luiz Carlos Bordoni ofereceu à CPI que investiga o contraventor
Carlos Cachoeira a quebra dos sigilos fiscal e bancário dele e da filha. Ele
presta depoimento nesta quarta-feira (27) para explicar a acusação que fez
contra o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), de que fez gastos de
campanha com dinheiro de Cachoeira. Bordoni trabalhou nas campanhas de Perillo
desde 1998.
Ao chegar à comissão, o jornalista se disse vítima de uma campanha de
desconstrução “moral e até social” por parte das pessoas que temem o depoimento
dele. Acompanhado do seu advogado, ele afirmou que trouxe documentos e que vai
abordar, em especial, os assuntos ligados ao “ex-amigo” Perillo.
O jornalista justificou que não tentou entrar na Justiça para conseguir um
habeas corpus para ficar calado porque não tem nada a esconder. Bordoni
ressaltou que tem 50 anos de profissão e que não iria "admitir jamais que, seja
quem for, venha tripudiar sobre a minha honra para justificar caixa 2”.
Bordoni confirmou que a empresa Alberto Pantoja depositou R$ 45 mil na conta
da filha dele pelo trabalho que realizou durante a campanha de 2010 para o
governador. Ele falou que o dinheiro foi passado para a conta da filha porque
ele estava viajando. Segundo ele, os dados da conta da filha foram passados ao
assessor do governador Lucio Fiuza. “[Com relação ao dinheiro] não tem nada a
ver com extorsão, pelo contrário. É trabalho prestado limpo, decentemente, desde
1998, são quatro vitórias consecutivas do meu ex-amigo Marconi Perillo.”
Outros depoentes
Além de Bordoni, foi chamada para depor nesta quarta-feira a ex-chefe de
gabinete de Perillo, Eliane Pinheiro, suspeita de repassar informações policiais
a Cachoeira e o tesoureiro da campanha tucana em 2010. O presidente da Agetop
(Agência Goiana de Transportes e Obras), Jayme Rincón, acusado de receber R$ 600
mil de uma empresa do contraventor, também deveria depor nesta quarta, mas
enviou um atestado médico à comissão e não deverá comparecer.
No último dia 05 de junho, o STF decidiu que ex-assessora de Perillo poderá
ficar calada na CPI. O ministro Celso de Mello também garantiu que a gestora não
assine nenhum termo de compromisso para falar a verdade e que não seja presa por
se recusar a colaborar. O ministro também determinou que ela seja assessorada
por seu advogado durante o depoimento na CPI.
Nesta terça-feira (26), a CPI ouviu três testemunhas, mas duas delas
conseguiram na Justiça o direito de ficar em silêncio para não produzir provas
contra si mesmas. Ao final da terça-feira, o único depoimento tomado pela
comissão foi o do arquiteto Alexandre Milhomem.
Ele afirmou nesta terça-feira (26) que a mulher do contraventor, Andressa
Mendonça, o contratou para decorar a casa vendida pelo governador de Goiás,
Marconi Perillo (PSDB). Segundo Milhomem, ela gastou cerca de R$ 500 mil com
móveis, papel de parede e outros objetos porque "gosta de tudo do melhor", além
dos honorários do profissional, de R$ 50 mil.
Está marcada para o dia 5 de julho uma reunião para analisar os nomes dos
novos convocados para depor à CPI. Entre eles, está o de Fernando Cavendish e o
ex-diretor do Dnit, Luís Antônio Pagot.
O jornalista disse que tentaria evitar que seja usado como bode expiatório
desse caso e prometeu que sua fala à CPI “não será bombástica”. “Prometo a
verdade.” Ele ironizou ainda: "Agora, você já imaginou o meu poder de pressionar
Cachoeira, o governador paralelo de Goiás, segundo dizem".
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