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Em conversa gravada pela PF, bicheiro diz para
namorada que mandou rasgar contrato
BRASÍLIA - Uma gravação feita pela Polícia Federal reforça as suspeitas de
que a casa do governador Marconi Perillo (PSDB) em Goiânia teria sido comprada
pelo contraventor Carlinhos Cachoeira. Na conversa gravada com autorização
judicial em 5 de maio do ano passado, às 11h12, Cachoeira diz para a namorada
dele, Andressa Mendonça, que mandou rasgar o contrato que ia sair em seu nome
para não dar problema.
Na conversa, Andressa questiona o namorado se o ex-cunhado dele, Adriano
Aprígio, sabia da compra da casa.
— Deixa eu te perguntar: o Adriano, seu cunhado, sabe da casa?
E Cachoeira responde:
_ Uai, deve saber, uai. Ele pediu...a irmã deve ter falado _ diz o
contraventor, em referência à ex-mulher dele Adriana Aprígio.
— Não, a irmã deve ter falado não. Ele dá detalhes aqui no seu email sobre o
pagamento e o documento _ informa Andressa.
— Não, é porque eu mandei tirar... Depois eu te explico pessoalmente. Não
quero meu nome não, por causa dos depósitos que foram feitos, entendeu? Eu tinha
botado meu nome. E aí saiu de uma conta, e eu pedi para passar no nome do Deca,
da empresa.
O pagamento pela compra da casa ocorreu com três cheques, no valor total de
R$ 1,4 milhão. Os cheques foram emitidos pela confecção Excitant, de um sobrinho
de Cachoeira, e foram depositados na conta de Marconi entre março e maio de
2011.
_ Passar o quê? _ quer saber Andressa.
_ Passar o contrato que eu tenho para rasgar urgentemente o contrato que eu
tinha no meu nome. Não posso ter vínculo daquela conta com esse contrato,
entendeu? _ explica Carlinhos.
_ Contrato de compra cê fala? _ insiste a namorada.
_ Exatamente, estava no meu nome. E o dinheiro que tava pagando vinha de uma
conta, entendeu?
_ Entendi. Mas e quando você for escriturar? Porque eu quero que você passe
ela no meu nome, como você vai fazer? _ pergunta Andressa, preocupada.
_ Escritura é outra coisa, tá? Eu pedi para rasgar aquele contrato meu lá
para pôr no nome da empresa que o Deca tem _ diz Carlinhos, sem especificar a
que empresa se referia.
A escritura do imóvel foi feita em um cartório de Trindade, em 13 de julho de
2011, em nome da Mestra Administração, que tem Walter Paulo como administrador e
Écio Antonio Ribeiro como sócio. Ontem, Écio permaneceu calado na CPI e foi
dispensado de prestar depoimento.
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