De OGLOBO.COM.BR
Bruno Villas Bôas
Mercado digere corte de rating pela Moody’s.
Empresas de Eike derretem
RIO — A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abriu o pregão desta
quinta-feira em leve queda, com investidores digerindo o
corte da nota de classificação de risco dos bancos brasileiros e de olho em
novidades da cúpula europeia, que começa hoje em Bruxelas (Bélgica). O Ibovespa,
índice de referência do mercado brasileiro, recuava 0,09%, aos 53.059 pontos,
por volta das 11h15m. O dólar comercial avançava 0,57%, cotado a R$ 2,088 na
compra e R$ 2,090 na venda.
A agência Moody's rebaixou na noite de ontem a nota de classificação de risco
(rating) de oito bancos brasileiros, entre instituições de varejo e de
investimentos. Dos bancos listados na Bolsa brasileira, recuam as ações do
Santander Brasil (0,45%), Bradesco (0,57%) e Itaú Unibanco (0,39%). Banco do
Brasil sobe 0,31%.
— São revisões esperadas, mas nem por isso deixam de ser negativas. Os bancos
já vinham se ajustando mais forte, principalmente por causa da inadimplência na
carteira de financiamento automotivo. No contexto ruim de mercado e piora da
economia brasileira, apesar de parcialmente ajustados, os bancos ainda devem
sofrer algum efeito — disse Álvaro Bandeira, sócio da gestora Órama.
Após o tombo das ações das empresas do Grupo EBX, do bilionário Eike Batista,
no pregão de quarta-feira, os papéis das empresas voltam a ter perdas. OGX
Petróleo recua 3,84%, após cair mais de 7% pela manhã. LLX Logística perde
2,20%. Ontem, as ações perderam R$ 8,4 bilhões na Bolsa em meio a uma crise de
confiança de investidores. Eike tentou acalmar ontem investidores durante
teleconferência com analistas, sem sucesso .
Títulos da Espanha sobem acima de 7% e pressionam Europa
O pregão é ainda recheado por indicadores no Brasil. O Banco Central (BC)
derrubou a nesta quinta-feira a previsão de crescimento do país neste ano, de
3,5% para 2,5%. Já o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) variou 0,66%, em
junho, acima das expectativas do mercado, de inflação entre 0,48% e 0,60%.
Na Europa, os principais índices registram perdas nesta quinta-feira. Operam
em queda as Bolsas de Londres (0,84%), Paris (0,47%), e Frankfurt (1,05%). Sobem
as Bolsas de Madri (0,29%) e Milão (0,14%).
O mercado europeu reage negativamente ao avanço do custo de financiamento da
Espanha. Os títulos soberanos do país de 10 anos voltaram a subir acima de 7%
nesta quinta-feira, pela primeira vez na semana, às vésperas do encontro de
líderes da União Europeia. Esse nível custo de financiamento é considerado
insustentável por especialistas.
Além da pressão provocada pelos títulos da Espanha, a economia britânica
encolheu 0,3% durante os três primeiros meses do ano e entrou em sua segunda
recessão em quatro anos, informou nesta quinta-feira o Escritório para
Estatísticas Nacionais.
BC tenta barrar especulação com novo leilão de swap
No mercado de câmbio, o Banco Central (BC) realiza nesta quinta-feira um novo
leilão contratos de swap cambial (operação equivalente a uma venda da moeda).
Ontem, a autoridade monetária vendeu 60 mil contratos, num total de US$ 2,99
bilhões. Segundo analistas, as reações do BC ocorrem em meio a um movimento de
especulação no mercado, com investidores tentando "puxar" para cima o dólar.
— Quem ganha dinheiro atualmente no mercado faz isso provocando a alta da
moeda. Existem pressões para a formação da Ptax, na sexta-feira, a taxa que
liquida contratos futuros da moeda — disse Alfredo Barbutti, analista da BGC
Liquidez.
Na Ásia, os principais mercados fecharam em alta nesta quinta-feira com
investidores comprando ações após dados positivos nos EUA. Fecharam em alta as
Bolsas de Tóquio (1,65%), Cingapura (0,18%) e Sydney (0,04%). Os ganhos foram
limitados pelo receito com a cúpula europeia.
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