quinta-feira, 1 de setembro de 2011

ECONOMIA: Especialistas mudam recomendação de aplicações financeiras após surpresa no corte dos juros

De O GLOBO.COM.BR

Bruno Villas Bôas (bruno.villas@oglobo.com.br)

RIO - O surpreendente corte da taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), para 12% ao ano, mudou o cenário das aplicações financeiras no país. Com a rápida reversão do ciclo de aperto monetário, especialistas passam a recomendar agora investir em títulos públicos pré-fixados, como fundos de renda fixa e as Letras do Tesouro Nacional (LTN).
- O investidor deve buscar agora títulos pré-fixados para garantir o recebimento de uma taxa de 12% ao ano daqui para frente. Investir em juros ficou um pouco menos atraente, ainda que a taxa permaneça uma das maiores do mundo - explica o economista Gilberto Braga, professor de finanças do Ibmec/Rio.
Os fundos DI e as Letras Financeiras do Tesouro (LFT), que acompanham os movimentos da Selic, entram em tendência de perda de rentabilidade. Quanto mais os juros caírem, menos essas aplicações vão render.
Também ficam menos atraentes os investimentos em Certificados de Depósito Bancário (CDBs), uma das aplicações mais oferecidas nas agências bancárias. Quem investir agora R$ 10 mil em um CDB que pague 90% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário, que acompanha a Selic) receberá em um ano R$ 866. Sem o corte, esse rendimento seria de R$ 922.
Mesmo assim, os CDBs permanecem mais vantajosos do que a caderneta de poupança, que renderia R$ 744 no cenário acima. Na comparação aos fundos de renda fixa, a poupança torna-se mais atraente apenas quando o investidor não consegue um fundo que cobre menos do que 2,5% de taxa de administração.
Para quem investe em ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), a decisão é, em tese, positiva. Com aplicações em juros menos atraentes, investidores tenderiam a buscar a renda variável, puxando uma alta das ações. O perigo fica por conta de um eventual descontrole inflacionário e a sinalização de interferência do governo no BC.
- O cenário de curto prazo da Bolsa é bastante desafiador também por outras razões. Não estamos vendo dados indicando a recuperação da economia americana. Talvez para o longo prazo, essa desaceleração no mundo ajuda o governo a controlar a inflação e a queda dos juros seja algo positivo - afirma Hersz Ferman, gestor da Yield Capital.
Copom apostam em cenário favorável para a inflação
Para o administrador de investimentos Fabio Colombo, a Bolsa brasileira pode ser uma boa opção se o investidor comprar papéis de forma gradativa para formar sua carteira de ações, visando o longo prazo.
Os fundos cambiais, que foram a melhor aplicação em agosto, estão fora das recomendações dos especialistas. Eles explicam que esses fundos rendem apenas quando a tendência do dólar e do euro é de valorização, o que não seria o caso.
Os economistas acreditavam de forma unânime que a Selic seria mantida ontem estável em 12,50% ao ano. No mercado, os investidores acreditavam numa possibilidade de corte da taxa em 0,25 ponto percentual. Mesmo os agentes, contudo, foram surpreendidos.
Em sua nota após a decisão, o BC avalia que os riscos de inflação estão mais favoráveis por conta das revisões das expectativas de crescimento das economias desenvolvidas, o que pode desacelerar a atividade doméstica brasileira por meio da "redução da corrente de comércio, moderação do fluxo de investimentos, condições de crédito mais restritivas e piora no sentimento de consumidores e empresários".

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