quarta-feira, 28 de outubro de 2009

ARTIGO: DEBATE SOBRE O DESIMPORTANTE

Do blog do CLÁUDIO HUMBERTO

Por Carlos Chagas

Parece brincadeira, mas ultrapassam as raias do inimaginável o tempo, os recursos e a paciência roubados da sociedade pelos debates sobre o supérfluo. Por ingenuidade ou malandragem, deixa-se de discutir aquilo que realmente nos interessaria, em troca de firulas sobre o desimportante e o ridículo.
Tome-se a disputa em torno das viagens do presidente Lula pelo país, acompanhado da ministra Dilma Rousseff. Estaria caracterizada campanha eleitoral antecipada? Deveria o chefe do governo enclausurar-se num de seus palácios, proibido de visitar obras, fiscalizar e inaugurar realizações? Ou, matreiramente, estaria o primeiro-companheiro encenando um espetáculo explícito de visibilidade para sua candidata?
As oposições entram em paroxismo, a situação fica indignada e a Justiça oscila entre os dois extremos, conforme a inclinação de cada juiz. As semanas passam sem que se chegue a uma conclusão, a mídia abre espaços intermináveis para a arte de enxugar gelo e ensacar fumaça e os verdadeiros problemas nacionais vão sendo empurrados com a barriga.
No fundo, constatamos desenvolver-se uma farsa. Por que a lei determina que apenas meses antes das eleições os candidatos possam aparecer e pedir votos? A Constituição não assegura a liberdade de expressão do pensamento? Assiste quem quer as imagens televisadas, ouve quem quer as mensagens radiofônicas, lê quem quer o noticiário sobre as viagens presidenciais. Como a mesma coisa aconteceria, ou já acontece, com a movimentação de José Serra, Ciro Gomes, Marina Silva e outros. Se é campanha eleitoral antecipada ou não, tanto faz, mas por que tentar obstar o debate se vivemos numa democracia? O Lula está no governo porque ganhou as últimas eleições, detendo o direito de viajar para onde quiser e levar em sua companhia quem quiser. Vale o mesmo para seus adversários.
A única restrição para as campanhas eleitorais, antecipadas ou não, deveria restringir-se à poluição visual ou sonora, porque ninguém deve ser condenado aos exageros de alto-falantes e de out-doors. Melhor seria revogar esse monte de leis e regulamentações restritivas e inócuas à ação de candidatos que, com elas ou sem elas, continuarão sendo candidatos.

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