quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

COMENTÁRIO: Topa tudo por dinheiro

Por BERNARDO MELLO FRANCO - OGLOBO.COM.BR

Todo governante quer ser amado. Até Michel Temer. Parece uma missão inglória, mas ele é brasileiro e não desiste nunca. Desta vez, resolveu investir na autopromoção em programas populares de TV.
Desde o fim de semana, o peemedebista não sai da telinha. No sábado, ele bateu ponto no Amaury Jr. Foi um “momento maravilhoso”, definiu o apresentador. “O presidente está muito conservado”, elogiou. Aos 77 anos, recém-saído de três cirurgias, Temer disse que o homem ainda vai viver até os 140. “Você pode ser presidente da República mais três vezes!”, animou-se Amaury.
A dupla passeou pelo Palácio da Alvorada, vazio desde que a última moradora foi despejada. O cronista das noites paulistanas se encantou com o gramado e a piscina. “Vejo uma festa black tie maravilhosa!”, empolgou-se. “Você será convidado”, retribuiu o presidente. Neste mês, O GLOBO revelou que a manutenção do palácio fechado já custou R$ 6 milhões ao contribuinte. A gastança contradiz o discurso de austeridade do governo, mas isso não pareceu um assunto maravilhoso para Amaury.
A conversa transitou dos jardins para o biblioteca. O que o mandatário da nação está lendo? Ele citou um best-seller, mas não soube dizer o nome do autor. O apresentador ignorou a gafe e emendou outro elogio. “Poucos presidentes são leiturizados”, arriscou. Pelo visto, não só eles...
No domingo, Temer colheu mais aplausos de Silvio Santos. “A inflação nunca esteve tão baixa”, exaltou o homem do baú. O presidente fez propaganda da reforma da Previdência e prometeu extinguir os privilégios do funcionalismo. Ele se aposentou aos 55 anos e, se não fosse o abate-teto, receberia R$ 45 mil brutos. Este detalhe também ficou para outro dia.
Na noite de segunda, foi a vez de Ratinho inflar o ego presidencial. Ele escondeu o cassetete e cobriu o convidado de gentilezas. “Eu me dou muito bem com o Michel Temer”, anunciou. Nem precisava.
Se a ideia era aumentar o apoio à reforma, a aposta foi arriscada. De acordo com o Ibope, só 6% dos brasileiros aprovam Temer. A mudança nas aposentadorias tem a simpatia de 18%. Os números sugerem que o Planalto deveria investir em outro garoto-propaganda, mas ninguém teve coragem de dizer isso ao chefe.

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