segunda-feira, 7 de agosto de 2017

LAVA-JATO: Cavendish diz que pagou propina a Cabral para Delta participar de obra do Maracanã

OGLOBO.COM.BR
POR JULIANA CASTRO

Segundo empresário, dinheiro em espécie foi pago ao longo da execução da reforma no estádio


Fernando Cavendish quando foi preso pela Polícia Federal - Marcelo Carnaval / Agência O Globo/28-07-2016

RIO - Empresário e ex-presidente da Delta Construções, Fernando Cavendish afirmou nesta segunda-feira, em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, que o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) solicitou propina para que a empreiteira pudesse participar do consórcio que faria a reforma no estádio do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014.
Cavendish disse que foi até o então governador para falar do interesse que tinha de a Delta participar da obra. Segundo ele, Cabral afirmou que havia um acerto para a Odebrecht assumir a reforma e que a empreiteira pagaria 5% de propina.
O empresário contou que o peemedebista declarou que a Delta teria que pagar o mesmo percentual. Cavendish concordou.
De acordo com o empreiteiro, a propina foi paga em espécie ao longo da execução da obra. A Delta deixou o consórcio em 2012, em meio ao escândalo da CPI do Cachoeira.
Cavendish disse que o dinheiro se tratava de propina e não doação para campanha, via caixa 2, ao contrário do que tem alegado o ex-governador. Cabral tem sustentado em seus depoimentos que o dinheiro movimentado era de sobras de campanhas.
OPERAÇÃO SAQUEADOR
Fernando Cavendish foi preso em junho do ano passado na Operação Saqueador. Além dele, o bicheiro Carlos Augusto Ramos — o Carlinhos Cachoeira — e o empresário Adir Assad também estavam entre os alvos.
A investigação constatou que os envolvidos, "associados em quadrilha", usaram empresas fantasmas para transferir cerca de R$ 370 milhões, obtidos pela Delta direta ou indiretamente, por meio de crimes praticados contra a administração pública, para o pagamento de propina a agentes públicos.
Também foram alvo da operação Cláudio Dias Abreu, que já foi diretor regional da Delta no Centro-Oeste e Distrito Federal, e Marcelo José Abbud, que, segundo o Ministério Público Federal (MPF), é dono de empresas de fachada usadas no esquema de lavagem.
De acordo com investigação do MPF, 96,3% do faturamento da Delta entre os anos de 2007 a 2012 era oriundo de verbas públicas, totalizando um montante de quase R$ 11 bilhões. Os procuradores afirmaram que mais de R$ 370 milhões foram lavados por meio de 18 empresas de fachada.
Os responsáveis pela criação dessas empresas foram Cachoeira, Assad e Abbud. Por meio de contratos fictícios, as empresas fantasmas lavavam os recursos públicos. Os recursos eram sacados em espécie para o pagamento de propina a agentes públicos para impedir o rastreamento das verbas.
A investigação apontou que os pagamentos feitos pela Delta às empresas de fachada tiveram aumentos significativos em anos de eleições.

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