quarta-feira, 29 de março de 2017

MUNDO: Merkel rejeita negociar Brexit nos termos do Reino Unido

OGLOBO.COM.BR
POR O GLOBO / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Chanceler alemã rejeita negociar a relação futura sem antes ter esclarecido os termos do divórcio

Chanceler alemã, Angela Merkel, fala a um grupo de parlamentares em Berlim - MONIKA SKOLIMOWSKA / AFP

BERLIM — Em uma declaração desafiadora após o início oficial do Brexit, a chanceler alemã, Angela Merkel, rejeitou nesta quarta-feira negociar o processo de divórcio com a União Europeia (UE) nos termos do Reino Unido, que preferia iniciar as conversas de forma paralela. Ela destacou ainda que a Alemanha vai se esforçar nas negociações para garantir que haja o menor impacto possível sobre as vidas dos cidadãos do bloco europeu que vivem no Reino Unido.
— As negociações devem primeiro esclarecer como vamos desfazer nossos laços atuais, e só quando esta questão for esclarecida poderemos, espero que em breve, começar a falar sobre o nosso relacionamento futuro — reforçou Merkel.
Ressaltando que espera que Reino Unido e UE permaneçam parceiros próximos, Merkel disse aos membros de seu partido conservador que a perspectiva da saída britânica do bloco europeu deixou muitas pessoas na Europa preocupadas com seu próprio futuro.
— Este é o caso especialmente de muitos cidadãos alemães e europeus no Reino Unido. Por isso, o governo alemão vai trabalhar intensamente para garantir que o efeito sobre a vida de cada uma dessas pessoas seja o menor possível — acrescentou.

De acordo com o jornal “El País”, fontes da chancelaria alemã insistem, por exemplo, que não se pode esquecer que o Reino Unido deixou de fazer parte da família dos 27 Estados membros.
Neste caso, Londres não poderia escolher o que mais lhe seja conveniente entre as regras da UE — mobilidade de bens ou capitais — e descartar o que é considerado mais complicado — a livre circulação de pessoas.
Merkel pediu ainda que as negociações sejam justas e equilibradas:
— Nós, no seio da União Europeia, conduziremos as negociações de forma justa e equilibrada, e espero que o governo britânico faça o mesmo, o que me foi garantido pela primeira-ministra britânica (Theresa May) por telefone.
O processo de separação do Reino Unido da UE foi iniciado formalmente nesta quarta-feira, após a entrega de uma notificação oficial assinada por Theresa May para o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.
— O processo do Artigo 50 está em andamento e, conforme a vontade do povo britânico, o Reino Unido vai deixar a União Europeia. É um momento histórico, não há retorno — ressaltou May ante os deputados no Parlamento de Westminster.
A partir de agora, começam dois anos de complicadas negociações que podem completar a saída do Reino Unido em 2019.
DESAFIOS
O ponto de tensão mais emblemático é relacionado à fatura a ser paga pela saída. O ministro das Finanças britânico, Philip Hammond, rejeitou o valor da fatura de saída, garantindo que o governo “não reconhece os montantes por vezes muito elevados que circulavam em Bruxelas”.
Segundo um alto responsável europeu, a Comissão Europeia avalia a fatura entre ‎€ 55 bilhões e ‎€ 60 bilhões, principalmente pelos compromissos já assumidos.
Internamente, May deverá gerir o descontentamento dos britânicos que votaram contra o Brexit. Alguns protestavam nesta quarta-feira em frente ao Parlamento para denunciar que May não tem os ouvido.
Mais ao norte, a Escócia ameaça separar-se: o seu Parlamento regional votou na terça-feira a favor da realização de um novo referendo sobre a independência, após aqueles realizado em 2014, argumentando que 62% dos escoceses votaram pela permanência na UE.
Neste sentido, Nicola Sturgeon, primeira-ministra escocesa, acusou Theresa May de “precipitar o Reino Unido do alto do precipício sem saber onde aterrissar”.
Mas, de acordo com uma pesquisa YouGov divulgada nesta quarta-feira, 44% dos britânicos pesquisados não lamentam o Brexit (contra 43% que lamentam), enquanto apenas 21% quer que o governo recue.

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