terça-feira, 10 de maio de 2016

IMPEACHMENT: Dilma teve tempo para barrar impeachment, disse Renan a petistas

FOLHA.COM
Coluna de LEANDRO COLON

Por volta das 14h30 desta segunda (9), estavam à mesa da sala de jantar da residência oficial da presidência do Senado o seu presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL), os senadores petistas Humberto Costa (PE), Paulo Rocha (PA) e Gleisi Hoffmann (PR), além de Vanessa Grazziotin, do PC do B-AM.
Na antessala, aguardavam a vez o senador Raimundo Lira (PMDB-PB), presidente da comissão especial do impeachment, o líder da bancada do PMDB, Eunício Oliveira (CE), e o senador Omar Aziz (PSD-AM).
Renan chegou a convidar Lira a participar da conversa com a bancada governista em razão de sua função no caso do afastamento de Dilma. O peemedebista preferiu ficar de fora.
Os petistas queriam sentir, sem muito entusiasmo, se havia chance de um sinal positivo de Renan no sentido de manter a decisão (que agora nem existe mais) do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), de anular o processo.
Renan estava furioso com a manobra do deputado maranhense. Os petistas desejavam ao menos que ele consultasse o STF (Supremo Tribunal Federal). Queriam só ganhar tempo.
Mas o presidente do Senado deu logo a real: de nada adiantaria postergar. Afinal, frisou, foi a base do governo que falhou na Câmara, e não ele. E o jogo no Senado está perdido, avaliou.
"Ela (Dilma) teve quatro meses para conseguir 172 votos na Câmara (número suficiente para barrar o impeachment), e não conseguiu. Não sou eu quem vai resolver isso", disse o senador, segundo relato de dois dos presentes ao encontro. Eduardo Cunha (PMDB-RJ) aceitou o pedido de impeachment no dia 2 de dezembro e a votação ocorreu em 17 de abril.
Os petistas capitularam. Renan falara a verdade: não é dele a responsabilidade pela derrocada do governo. Afinal, o Palácio do Planalto fracassou e passou longe dos 172 votos de deputados necessários para evitar que o processo chegasse ao Senado. O placar na Câmara foi de 367 a favor e 137 contrários.
O senador disse ainda aos colegas que se sentia "constrangido" em levar o afastamento de Dilma adiante, mas não tinha outra alternativa que não fosse manter o rito. Caso contrário, sofreria uma pressão externa enorme e seria desmoralizado pelo plenário, em sua maioria a favor do processo. Por último, criticou duramente a aliança (que também, ao que parece, não existe mais) AGU-Waldir Maranhão no episódio.
Os senadores petistas levantaram-se da mesa e entraram em seus carros oficiais. Sabiam que Renan anunciaria pouco depois sua decisão a todos os senadores.
Foi só cruzar o portão da residência oficial da presidência do Senado para o líder da bancada, Paulo Rocha, telefonar ao ex-presidente Lula, como revelamos na edição impressa da Folha desta terça (10).
Fez uma consulta se o ex-presidente poderia fazer um último apelo. Lula recusou. Disse que não conversaria por telefone com Renan sobre este tipo de assunto. "É uma questão jurídica demais para se falar por telefone", disse Lula, segundo relato de Paulo Rocha a outros senadores.
Na saída do plenário, após a sessão, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) estava visivelmente esgotado pelo debate que travou com Renan e a oposição. Cochichou no ouvido de Humberto Costa: "Agora é quarta mesmo, não?". Costa só balançou a cabeça positivamente.

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