quinta-feira, 17 de março de 2016

IMPEACHMENT: Comissão do impeachment define presidente e relator, mas base questiona

OGLOBO.COM.BR
POR ISABEL BRAGA / LETICIA FERNANDES

Em acordo, Rogério Rosso (PSD-DF) será o presidente, e Jovair Arantes (PTB-GO), o relator

Câmara elege comissão especial do impeachment de Dilma - Ailton de Freitas / Agência O Globo

BRASÍLIA - A comissão especial do impeachment na Câmara dos Deputados foi instalada na noite desta quarta-feira, após os deputados integrantes do colegiado serem eleitos no plenário da Casa. Líderes de 13 partidos apresentaram uma chapa única para coordenar a comissão especial que vai analisar a denúncia contra a presidente Dilma Rousseff. A comissão é composta por 65 titulares e 65 suplentes de 24 partidos da Casa, que foram eleitos por 433 votos sim e apenas um contrário. O voto contra foi do deputado José Airton Cirilo (PT-CE). O partidos definiram para a presidência o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) e para relator o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Para 1º vice-presidente, Carlos Sampaio (PSDB-SP); 2º vice, Maurício Quintella (PR-AL); 3º vice, Fernando Filho (PSB-PE). (Infográfico: Saiba quem são os integrantes da comissão)
No entanto, partidos da base aliada questionam o acordo firmado e pedem que seja feita uma eleição para votar apenas no presidente e no relator. O tema gera debates no plenário:
— Nós vamos recorrer disso. Para nós termos essa sessão tranquila, é melhor votar apenas presidente e relator, e depois votar os vices — disse o líder do PT, Afonso Florence (BA).
— Isso aqui está uma patifaria! — reagiu o deputado Aliel Machado (PR), membro da comissão indicado pela Rede.
O primeiro secretário da Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP),entregou a notificação da abertura de processo de impeachment no fim da tarde desta quinta-feira no Palácio do Planalto. Ele esperava ser recebido pelo ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), mas acabou entregando a documentação ao subchefe de Assuntos Parlamentares da pasta, Danilo Genaro de Souza. Assim, o prazo na Câmara para análise do afastamento de Dilma começa a contar a partir de amanhã. São as dez sessões para análise e votação do afastamento pela comissão.
A sessão de análise do impeachment foi aberta pouco depois das 13h e, no início, líderes da base aliada e da oposição pediram a palavra e pregaram serenidade nas decisões. Entretanto, a sessão começou a ficar mais tensa com discursos de lado a lado feitos na tribuna e nos microfones.
Deputados da oposição usavam pequenas fitas verde amarelo no pescoço ou amarradas na cabeça e apresentaram cartões vermelho com a inscrição impeachment. A todo momento, levantam os cartões pedindo renúncia. Deputados do PT e do PCdoB, reagiam gritando "golpe, golpe". Houve discursos inflamados de oposicionistas, defendendo a saída de Dilma e de petistas classificando o processo como golpe, com referências ao de 1964. Logo depois do anúncio da eleição, deputados cantaram o hino nacional.
O deputado Roberto Freire (PPS-SP) — que foi do antigo PCB — disse que os comunistas foram cassados por outros motivos, não o mesmo pelo qual a presidente Dilma é alvo hoje. Houve reação forte de deputados do PCdoB no plenário.
— O senhor não é mais comunista e não tem autoridade de falar em nome dos comunistas — reagiu a deputada Alice Portugal (BA).
A voz da deputada Moema Gramacho (PT-BA) se destacava no plenário quando havia manifestação dos deputados defensores do impeachment:
— Golpistas, golpistas. Não vai ter golpe!
Durante a sessão, deputados de partidos alinhados ao governo cobraram, nos microfones, o desembarque da base aliada. O deputado Júlio Lopes (PP-RJ) anunciou a coleta assinaturas da bancada para o desembarque do PP. A deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ), por sua vez, disse que já tinha passado da hora de o PR entregar os cargos que possui no governo Dilma. Em plenário, o líder do PR, Maurício Quintella Lessa (AL), afirmou que todos os deputados da sua bancada terão liberdade para tomar a decisão relativa ao processo. Segundo ele, o PR continua na base.
— Na minha base não tem ninguém com ideia fixa. Os deputados passarão a ser juízes e terão liberdade para tomar a decisão — disse Lessa, que criticou a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de assumir a Casa Civil.

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