terça-feira, 15 de março de 2016

CASO PETROBRAS: Dilma repudia citação de seu nome em ‘iniciativa pessoal de Mercadante’

OGLOBO.COM.BR
POR SIMONE IGLESIAS / CATARINA ALENCASTRO / EDUARDO BARRETTO

Em curta nota, presidente se posiciona sobre gravação de assessor de Delcídio

A presidente Dilma Rousseff - Givaldo Barbosa / Agência O Globo

BRASÍLIA — A presidente Dilma Rousseff negou nesta terça-feira qualquer relação com a iniciativa do ministro Aloizio Mercadante (Educação) de conversar com um assessor de Delcídio Amaral (PT-MS) e oferecer ajuda ao senador e sua família. Por meio de nota, Dilma diz repudiar com veemência a ação do ministro, que afirma ser "pessoal".
“A presidenta da República, Dilma Rousseff, repudia com veemência e indignação a tentativa de envolvimento do seu nome na iniciativa pessoal do ministro Aloizio Mercadante, no episódio relativo à divulgação, feita no dia de hoje, pela revista Veja”, diz nota distribuída pelo Palácio do Planalto.
Dilma chamou Mercadante ao seu gabinete, no começo desta tarde. Cobrou explicações do ministro. Segundo relato de uma pessoa próxima a Dilma, ela estava muito irritada com Mercadante e perguntou por que motivo agiu desta forma.
— Ele fez isso sem ela saber e sem autorização alguma da presidente — disse ao GLOBO um auxiliar próximo a Dilma.
O assessor mais próximo de Delcídio Amaral, Eduardo Marzagão, gravou conversas com Mercadante mantidas em duas reuniões em dezembro, depois da prisão do senador. Houve ainda uma terceira conversa, com uma assessora do ministro chamada "Cacá". Os diálogos foram fornecidos à Procuradoria-Geral da República. O site da revista "Veja" publicou nesta terça-feira trechos das conversas gravadas (Ouça as gravações).
"Aloizio Mercadante disse a Eduardo Marzagão para o depoente (Delcídio) ter calma e avaliar muito bem a conduta a tomar, diante da complexidade do momento político. A mensagem de Mercadante, a bem da verdade, era no sentido do depoente não procurar o Ministério Público Federal para, assim, ser viabilizado o aprofundamento das investigações da Lava-Jato", registra o termo de colaboração número cinco. O ministro disse que em pouco tempo o assunto seria esquecido, conforme a delação.
Mercadante sempre foi considerado o ministro mais "Dilmista" do governo. Aliado fiel, quando ocupou a Casa Civil era chamado de primeiro-ministro. A interlocutores, Mercadante falou que,se precisasse, seria o último ministro a descer a rampa do Palácio do Planalto com Dilma, ou seja, o último a abandoná-la.
MINISTRO NEGA ATUAÇÃO ILEGAL
Na tarde desta terça-feira, Mercadante negou que tenha tentado influenciar na decisão de Delcídio Amaral de fazer uma delação premiada, conforme indica um diálogo incluído no acordo fechado pelo parlamentar com a Justiça. Na conversa, Mercadante diz a Eduardo Marzagão que o senador deveria "esperar, não fazer nenhum movimento precipitado, deixar baixar a poeira" para "não ser um agente que desestabilize tudo".
Com a revelação do áudio, Mercadante convocou uma coletiva. Disse que o ato foi um "gesto pessoal de solidariedade", e não do governo, em virtude de uma campanha difamatória contra a família de Delcídio. Negou que tenha oferecido ajuda financeira ou que tenha tratado sobre o relaxamento de prisão de Delcídio com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, e com o presidente do Senado, Renan Calheiros.
OPOSIÇÃO PEDE PRISÃO DE MINISTRO
Diversos líderes partidários se pronunciaram para pedir a saída imediata do ministro da Educação do governo. O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), defendeu que Mercadante seja detido, argumentando que ele deve receber o mesmo tratamento dado ao ex-líder do PT no Senado, que foi preso por ter tentado dificultar as investigações da Operação Lava-Jato.
— Na gravação, fica claro que o objetivo do ministro Mercadante foi dificultar que a Justiça tivesse acesso às provas, fica evidente que o tratamento que tem que ser dado a ele não pode ser um milímetro diferente do que dado ao senador Delcídio do Amaral. Se o senador Delcídio foi, não é diferente. Pau que dá em Chico, dá em Francisco. O objetivo do ministro Mercante foi de dificultar acesso às provas. Que o tratamento seja o mesmo, isonômico. O mesmo argumento utilizado pela Justiça para prender o senador Delcídio do Amaral deve ser usado para o caso do ministro Aloizio Mercadante. Não sou do Judiciário, o que defendo é a isonomia de tratamento para ambos — disse Caiado.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |