terça-feira, 8 de março de 2016

CASO PETROBRAS: Responsável por planilha da Odebrecht negocia delação

FOLHA.COM
GRACILIANO ROCHA, DE ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
BELA MEGALE, DE SÃO PAULO

Geraldo Bubniak/AGB/Folhapress 
Maria Lúcia Tavares, secretária da Odebrecht

Responsável por guardar a contabilidade dos "acarajés", codinome que a polícia atribui à propina nos e-mails trocados entre executivos da Odebrecht, a secretária Maria Lúcia Tavares passou a colaborar com os investigadores da Operação Lava Jato no âmbito da negociação de um acordo de delação premiada.
É a primeira vez que um empregado da maior empreiteira do país passa a colaborar com a investigação. As informações de Maria Lúcia podem ajudar a polícia a esclarecer pagamentos feitos ao publicitário João Santana de 2008 até a reta final da campanha presidencial de 2014.
Era Maria Lúcia, secretária lotada na sede da empresa em Salvador (BA), quem guardava as planilhas indicando pagamentos a "Feira" – o apelido dado ao marqueteiro do PT e à mulher dele, Monica Moura, que estão presos desde o dia 23, em Curitiba (PR).
O acordo de delação ainda não foi homologado pela Justiça, mas a negociação foi confirmada por três fontes com conhecimento do caso.
A virada de Maria Lúcia aconteceu após a prorrogação da prisão provisória dela, em 26 de fevereiro.
Cinco dias depois dessa data, a delegada Renata Rodrigues não pediu a transformação da prisão dela em preventiva (sem prazo determinado para sair), e o juiz Sergio Moro determinou a libertação da funcionária.
Naquela noite, dois advogados ligados à Odebrecht chegaram à sede da PF em Curitiba com o alvará de soltura, mas foram surpreendidos pela informação de que a secretária já havia deixado o local, por uma porta lateral.
Os advogados passaram a exigir uma conversa com o delegado Márcio Anselmo sobre o paradeiro da cliente. Eles não tiveram sucesso, pois o delegado havia deixado a superintendência.
Um integrante da PF afirmou à Folha que a saída por uma porta discreta era parte da colaboração entre a secretária e os investigadores. Procurado, Márcio Anselmo não quis comentar o caso.
No mesmo dia que Maria Lúcia ganhou a liberdade, uma reunião foi convocada às pressas por advogados da Odebrecht para debater a delação da secretária, negociada fora do controle da empreiteira.
Segundo um advogado que atende o grupo ouvido pela Folha, um dos principais pontos de discussão foi que os responsáveis pela defesa não souberam dar o suporte necessário à funcionária.
CAMINHO DO DINHEIRO
Em uma das planilhas encontradas com Maria Lúcia, com o título "Lançamentos X Saldo (Paulistinha)" estão registrados 41 repasses destinados a "Feira", entre 2014 e 2015, totalizando R$ 21,5 milhões. Essa planilha só foi anexada no pedido da PF para transformar as prisões de João Santana e da mulher, Monica Moura, em preventiva.
Em outro arquivo, o "Feira -evento 2014", encontrado na casa da secretária, constam repasses totalizando R$ 4 milhões e a anotação "tot.atendida" – "totalmente atendida", na interpretação da PF.
Secretária do ex-executivo Hilberto Mascarenhas, Maria Lúcia também aparecia em trocas de e-mail em que seu chefe aprovava a entrega dos "acarajés" pedidos por outro executivo, Roberto Prisco Ramos.
No primeiro depoimento à polícia, ela disse que as entregas de acarajés "quentinhos" de Salvador para o Rio, se tratavam do quitute baiano.
A Odebrecht e a defesa de João Santana e Monica Moura não quiseram comentar o fato. O advogado de Maria Lúcia não foi localizado.
A DONA DO ACARAJÉ
Segundo a Lava Jato, funcionária da Odebrecht coordenava propinas
Maria Lúcia Guimarães Tavares
Funcionária da Odebrecht responsável por planilha que, segundo os investigadores, indica pagamentos ilícitos. 


Material apreendido com ela levanta suspeitas sobre repasses a João Santana e Instituto Lula

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