terça-feira, 20 de outubro de 2015

ECONOMIA: Se Dilma tinha dúvidas sobre o efeito Levy, agora ela tem a resposta, diz FT

UOL

SÃO PAULO - Em artigo desta terça-feira (20), o jornal britânico "Financial Times" destacou toda a polêmica envolvendo o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que ganhou novas cores na última sexta-feira (16), em meio aos rumores de que ele deixaria o cargo, o que abalou fortemente os mercados.
"Se a presidente Dilma Rousseff queria saber o custo de perder de repente seu ministro da Fazenda Joaquim Levy, ela recebeu a resposta na última sexta-feira", diz o jornal. 
Os rumores de que ele estaria de saída no final do pregão se espalharam e entre o começo dos boatos e a negativa oficial do governo, o real se desvalorizou fortemente e mostrou algo que vem rondando o país ultimamente: o maior mercado de capitais da América Latina está tendo como grande catalisador o risco político.
Antes dos rumores sobre Levy, o "Financial Times" lembra que, no ano passado, o mercado tinha grandes temores sobre a reeleição da presidente Dilma Rousseff, o que explica a forte instabilidade dos mercados quando todas as pesquisas indicavam que ela seria reconduzida ao cargo.
Os últimos anos do primeiro mandato de Dilma foram marcados por intervenção governamental, o que não é bem visto pelos mercados. 
Destacando a visão de diversos analistas sobre o assunto, que reforçam a visão do problema maior, o político, além do cenário externo, com o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) próximo de aumentar a taxa de juros nos Estados Unidos e a China em desaceleração, o FT mostra uma visão negativa para o Brasil.
O jornal aponta que, durante os dez primeiros meses da presidente, a estabilidade característica da política brasileira de grande parte da década anterior desapareceu.
Crise política afunda economia
O FT destaca o cenário de aprofundamento da recessão, com o mercado prevendo contração de 3% do PIB, além do aumento do desemprego, somados à corrupção na Petrobras.
Isso levou a presidente Dilma a um nível recorde de baixa popularidade. O jornal também lembra o rebaixamento da nota de crédito pela Fitch na semana passada para "BBB-"; a agência destacou a crise política como uma das questões principais.
A Fitch apontou a fraqueza de Dilma no Congresso e as tentativas de implementar o ajuste fiscal, enquanto a oposição se movimenta pelo impeachment, tendo como ponto central para tanto o presidente da Câmara dos Deputados, o "enrolado" na Lava Jato Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Assim, os mercados precificam esta incerteza política, avalia o FT. 
"Até 2013, o Brasil foi um pouco algo como uma criança dourada entre os mercados emergentes", disse Glenn Levine, analista da Moody's Analytics. " Mas eu diria que tem havido uma confluência ou uma tempestade perfeita com a união de más notícias e má gestão econômica", completou.
Brasil oferece mais risco que Paraguai, Bolívia e Colômbia
Outra empresa de pesquisa, a Oxford Economics, classificou o Brasil em 68º numa lista de 164 países, medida pelo seu risco político e econômico, com ranking mais baixo significando um risco mais elevado.
O Brasil é menos arriscado do que Índia, Rússia, Argentina ou Venezuela, de acordo com o ranking. Mas é mais arriscado do que Paraguai, Bolívia, Colômbia, Peru e até mesmo do que a China, que ficou em 110º.
Porém, a maioria dos analistas avalia que muitos dos problemas do Brasil podem ser resolvidos com vontade política para cortar despesas e restaurar o Orçamento, adquirindo assim confiança.
O FT ressalta que o Brasil tem uma forte absorção de choques dadas as suas reservas em moedas estrangeiras elevadas. Além disso, há quem veja oportunidade nesse cenário de queda. 
"Nos próximos meses, o mercado deverá continuar volátil em meio aos rumores sobre o futuro de Levy e o impeachment de Dilma, segundo analistas. Mas qualquer rali com impeachment pode ser de curto prazo dada a falta de alternativas claras sobre candidatos para substituii-la como presidente", conclui o FT.

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