segunda-feira, 19 de outubro de 2015

ECONOMIA: Dólar perde fôlego e fecha em R$ 3,87; Bolsa sobe 0,45%

OGLOBO.COM.BR
POR RENNAN SETTI

Investidores repercutem declarações de Dilma sobre Levy e PIB chinês

Vanderlei Almeida / AFP

RIO - Em dia de ajuste após fim de semana agitado com rumores sobre a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, — negados pela presidente Dilma Rousseff —, o dólar comercial chegou a subir R$ 3,927 nesta segunda-feira, mas fechou em alta de apenas 0,12%, a R$ 3,878. Globalmente, o dólar oscilou contra uma cesta de dez moedas, com o índice Dollar Spot, da Bloomberg, encerando em alta de 0,28%. No mercado acionário, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) operou volátil ao longo do dia, fechando em alta de 0,45%, aos 47.447 pontos.
Os investidores repercutiram durante o pregão as declarações da presidente Dilma Rousseff que, sem esconder a irritação, negou no domingo que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, irá deixar o governo. Bombardeado pelo ex-presidente Lula e pelo PT, o ministro da Fazenda chegou a redigir uma carta de demissão, na última sexta-feira, e pediu reunião privada com Dilma. Na avaliação de fontes do Palácio do Planalto, a movimentação de Levy foi uma estratégia para tentar se fortalecer no governo.
— Ele não está saindo do governo. Ponto. Eu não toco mais nesse assunto. Qualquer coisa além disso está ficando especulativo. Vocês não farão especulação a respeito do ministro da Fazenda comigo. A politica econômica dele, se ele fica, é porque concordamos com ela — afirmou a presidente, durante viagem oficial à Suécia.
Segundo Adriano Moreno, estrategista da Futura Invest, o dólar comercial (referência para o comércio exterior) valorizou-se hoje para se ajustar à alta do dólar à vista (referência do mercado financeiro) no fim da tarde de sexta-feira. Isso porque os rumores sobre a saída de Levy se intensificaram após o fechamento do dólar comercial (17h), pressionando o dólar á vista (que fecha mais tarde, às 18h, absorvendo o impacto por mais tempo). Tanto que, enquanto o comercial fechou em alta 1,84% na sexta, o à vista disparou 3,27%. Hoje, o dólar à vista cai 0,98%, a R$ 3,886.
— No pregão de hoje, estamos ainda em quadro de ressaca da turbulência de sexta-feira, quando circularam rumores sobre uma possível saída do Levy. No fim de semana, houve muito chumbo trocado sobre isso e a Dilma defendeu a permanência do ministro. Por causa desse clima, o mercado está volátil — afirmou.
NA EUROPA, REAÇÃO TÍMIDA À CHINA
O mercado também olha hoje para a China, que divulgou nesta segunda-feira seu crescimento econômico mais fraco desde 2009, de apenas 6,9% no terceiro trimestre frente ao ano anterior, reforçando a expectativa dos analistas de que o governo poderá adotar novas medidas de estímulo à economia. Este é o pior número desde o primeiro trimestre de 2009, quando o crescimento desabou para 6,2%. O número, porém, foi levemente melhor que o esperado pelos economistas ouvidos pela Bloomberg, que previam alta de 6,8%.
Na Europa, o índice de referência EuroStoxx subiu 0,22%, enquanto a Bolsa de Londres caiu 0,40% puxada pelas mineradoras que recuaram com os números chineses. Em Paris, a Bolsa fechou estável, enquanto em Frankfurt, os papéis avançaram 0,59%.
Em Wall Street, as Bolsas operam perto da estabilidade.
VALE EM QUEDA
No Brasil, as ações da Vale caíram 3,37% (ON, com direito a voto, a R$ 17,80) e 3,55% (PN, sem voto, a R$ 14,65). Além dos números sobre a atividade chinesa, que afetam negativamente mineradoras mundo afora, a Vale informou hoje que sua produção de minério de ferro atingiu 88,2 milhões de toneladas no terceiro trimestre de 2015, representando a maior produção trimestral da história da companhia. O volume é 2,9% maior que o registrado no terceiro trimestre de 2014. O recorde de produção exclui o minério adquirido de terceiros e a produção atribuível à Samarco, empresa brasileira na qual a Vale detém 50% — a outra metade é da mineradora australiana BHP Billiton.
— A Vale acompanha o movimento das mineradoras lá fora. Seus números de produção, mesmo sendo recorde, não trazem nenhuma novidade. Hoje, também saíram números de produção de aço na China,e isso acaba influenciando negativamente o minério de ferro — disse Hersz Ferman, da Elite Corretora.
A Petrobras caiu 0,31% nos papéis ON, a R$ 9,67, enquanto os Pn fecharam estável, a R$ 7,95. Entre os bancos, o Banco do Brasil avançou 4,42% (R$ 17,00), enquanto o Bradesco teve queda de 0,14% (PN, a R$ 22,02). O Itaú Unibanco valoriza-se em 2,38%, a R$ 27,48.
— O mercado também registra volatilidade acima da média por causa do exercício dos contratos de opção sobre ações na Bolsa que acontece no pregão de hoje, o que sempre acrescenta instabilidade — comentou Adriano Moreno.

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