segunda-feira, 21 de setembro de 2015

ECONOMIA: Economia encolheu 0,02% em julho, segundo Banco Central

OGLOBO.COM.BR
POR GABRIELA VALENTE

Resultado do IBC-Br vem acima das expectativas dos analistas, que previam uma contração de 0,3%. No ano, recuo é de 2,71%
Trabalhadora em fábrica de tratores em Curitiba - Paulo Fridman / Bloomberg News

BRASÍLIA - O primeiro dia útil após o auge do estresse no mercado financeiro em 12 anos começou com um indicador melhor que o esperado. A economia brasileira encolheu apenas 0,02% em julho, nas contas do Banco Central (BC). A estimativa dos especialistas era de uma queda de 0,3% no IBC-Br, o índice de atividade da autoridade monetária. Apesar de terem superado a expectativa, os números do BC revelam que a recessão do Brasil ganha velocidade.
Afinal, nos últimos 12 meses, o recuo da atividade econômica é de 1,89%. Houve uma aceleração da retração da economia, já que até o mês passado, o recuo em 12 meses era de 1,64%. A expectativa do mercado financeiro, segundo a pesquisa que o BC faz com analistas de instituições financeiras, é que a economia brasileira registre contração de 2,70% em 2015 e de 0,80% no ano que vem.
Somente neste ano, a economia brasileira já retroagiu nada menos que 2,71%, de acordo com o IBC-Br em relação ao mesmo período do ano passado. É o resultado de um cenário cada vez mais complexo de crise econômica e política.
“Esperamos que a economia continue a enfrentar ventos contrários do ajuste fiscal e parafiscal em curso, taxas de juros mais elevadas, condições cada vez mais exigentes de crédito, rápido enfraquecimento do mercado de trabalho, maiores níveis de fechamento em setores industriais importantes, tarifas públicas e impostos mais altos, níveis elevados de endividamento das famílias, demanda externa fraca, preços das matérias-primas em patamar baixo, incerteza política e confiança de consumidores e empresas extremamente deprimido”, prevê o economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos.
Segundo os dados do Banco Central, o IBC-Br de julho foi uma surpresa positiva porque o dado anterior foi fortemente revisado. Em junho, a economia encolheu 0,73% e não 0,58% como divulgado anteriormente.
Isso favoreceu o desempenho de julho. Uma retração maior que a que de fato ocorreu era esperada por causa dos dados preliminares dos setores que não foram nada bons. A produção industrial, por exemplo, encolheu 1,5% em julho, segundo o IBGE. O resultado chocou o mercado financeiro que esperava uma queda bem mais amena, entre 0,1% e 0,2%. Foi a maior retração para o mês de julho desde 2013.
Trabalhador do setor também sente os efeitos da crise. O número de horas pagas diminuiu 1,2% na passagem de junho para julho: quinta taxa negativa consecutiva. Só a indústria paulista, por exemplo, fechou 119 mil vagas neste ano.
Seria mais simples a situação econômica se fosse apenas a indústria em retração, mas o comércio também registra contrações seguidas. As vendas no varejo tiveram, em julho, a sexta queda consecutiva: as vendas caíram 1% em relação ao mês anterior. É o pior resultado para o mês desde o início da série em 2000, de acordo com o IBGE.
Pelo menos o setor de serviços está no azul com um faturamento em alta de 2,1% em julho frente a igual mês do ano anterior, segundo o IBGE. Mesmo no campo positivo, os resultados são os menores para julho desde quando o instituto passou a registrar os dados em 2012.
DIFERENÇAS NA METODOLOGIA
Tanto o IBC-Br quanto o PIB são indicadores que medem a atividade econômica, mas têm diferenças na metodologia. O IBC-Br foi criado pelo BC para ser uma referência do comportamento da atividade econômica que sirva para orientar a política de controle da inflação pelo Comitê de Política Monetária (Copom), uma vez que o dado oficial do PIB é divulgado pelo IBGE com defasagem em torno de três meses.
O indicador do BC leva em conta trajetória de variáveis consideradas como bons indicadores para o desempenho dos setores da economia (indústria, agropecuária e serviços).
Já o PIB é calculado pelo IBGE a partir da soma dos bens e serviços produzidos na economia. Pelo lado da produção, considera-se a agropecuária, a indústria, os serviços, além dos impostos. Já pelo lado da demanda, são computados dados do consumo das famílias, consumo do governo e investimentos, além de exportações e importações.

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