quarta-feira, 29 de abril de 2015

MANIFESTAÇÃO: Confronto entre PM e professores em greve deixa 150 pessoas feridas em Curitiba

OGLOBO.COM.BR
POR RENATO ONOFRE, ENVIADO ESPECIAL

PM disparou balas de borracha e bombas de efeito moral contra manifestantes que tentavam impedir votação de projeto na Alep e jornalistas. Vinte e dois PMs também se feriram

Confronto entre PM e professores em greve deixa ao menos 50 feridos em Curitiba - Paulo Lisboa / Brazil Photo Press
CURITIBA - Cento e cinquenta pessoas - cerca de 40 delas intoxicadas - ficaram feridas, segundo o Samu, no confronto entre a Polícia Militar e professores da rede estadual de ensino do Paraná em greve, na tarde desta quarta-feira, em frente à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), no Centro Cívico, em Curitiba. Dos feridos, 36 foram encaminhados para o Hospital Cajuru - oito deles em estado grave. No Centro Médico do Tribunal de Justiça foram atendidas 20 pessoas - três delas, uma com traumatismo craniano, estão entre os oito feridos mais graves que foram encaminhados ao Hospital Cajuru. Na frente da Alep, manifestantes foram atingidos por balas de borracha. A PM também disparou contra o grupo bombas de efeito moral. Um cachorro pitbull da PM mordeu um repórter cinematográfico da Band, que foi encaminhado à enfermaria da Alep. Além disso, uma outra equipe de TV foi afastada da área com jatos de água. Um terceiro jornalista, da CATVE, foi ferido por uma bala de borracha. A Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná (Sesp) informou que 22 policiais militares ficaram feridos.
Os professores tentavam impedir a votação na Casa de um projeto de lei que altera as regras da previdência social no Paraná. O projeto foi aprovado no início da noite, em segundo turno, com 30 votos favoráveis e 21 contrários. Os parlamentares fecharam a sessão e abriram uma nova extraordinária. O projeto agora vai para a sanção do governador Beto Richa (PSDB).
Logo depois do almoço, o grupo de manifestantes que estava atrás de grades tentou ocupar a área interna da assembleia. Policiais que estavam no local reagiram com bombas de efeito moral. Algumas pessoas que participavam do ato lançavam pedras contra os policiais.
Alguns manifestantes foram atendidos na enfermaria da Alep. Outros feridos, entre eles também funcionários do Judiciário estadual, receberam atendimento em uma ambulância em frente ao Tribunal de Contas, também naquela região. Segundo alguns manifestantes, a polícia teria reagido com bombas e jatos de água tão logo o grupo tentou entrar no prédio. Os professores foram encurralados pelos policiais, que avançaram também contra os jornalistas. Foram feridos o cinegrafista Rafael Passos, da CATVE, por bala de borracha, e o repórter cinematográfico da Band, Luiz Carlos de Jesus, atacado por um pitbull. Em nota, a emissora diz que o estado de saúde dele é estável e ele está sendo medicado no Hospital das Clínicas.
Confronto entre policiais militares e professores grevistas em Curitiba - Reprodução/GloboNews TV
Segundo a Prefeitura de Curitiba, os feridos também foram levados para Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e para o Hospital do Trabalhador.
O prefeito da capital paranaense, Gustavo Fruet (PDT), pelo Facebook anunciou que dispensou todos os servidores municipais que trabalham no prédio da Prefeitura, próximo do local do confronto, para acolher na Prefeitura os feridos. “Faço um apelo ao governador, Secretaria de Estado da Segurança Pública e Assembleia. Por favor. Momento é de pacificar. Já temos muitos feridos aqui.”, escreveu o prefeito de Curitiba na rede social.
Os professores da rede estadual de ensino do Paraná decidiram pela greve no último sábado (25). É a segunda paralisação da categoria este ano no estado - a primeira aconteceu em fevereiro - contra o projeto de lei que altera as regras da previdência do Paraná. A categoria ainda reivindica um aumento de 13,01%, conforme o piso nacional.
A Justiça determinou o retorno às atividades, mas os profissionais alegam não terem sido notificados. Assim que a presidência da Alep anunciou que iria votar a proposta nesta semana, os servidores protestaram e convocaram manifestação. O prédio da Assembleia está cercado desde sábado por 2 mil policiais.
Em meio a uma crise financeira, o governador Beto Richa encaminhou à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) uma proposta alterando as regras de pagamentos do fundo de previdências estadual (ParanaPrevidência). O projeto, que acabou aprovado pela Casa, propõe que 33 mil beneficiários com 73 anos ou mais sejam transferidos do Fundo Financeiro, que é arcado com pelo Tesouro estadual, para o Fundo Previdenciário, constituído a partir de contribuições dos servidores e do poder público. A ParanaPrevidência é composta por três fundos: o Militar, o Financeiro e o Previdenciário.
Com isso, o governo deixa de pagar sozinho essas aposentadorias e divide a conta com os próprios servidores, já que o fundo é composto por recursos do Executivo e do funcionalismo. Os servidores são contra a medida. Eles alegam que a mudança comprometeria a saúde financeira da ParanaPrevidência. O governo diz que não. Argumenta que o estado continuará arcando, mensalmente, com R$ 380 milhões para os benefícios de servidores civis e militares.

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