terça-feira, 28 de abril de 2015

ECONOMIA: Após cinco quedas seguidas, dólar comercial fecha em alta de 0,75%, a R$ 2,944

OGLOBO.COM.BR
POR RENNAN SETTI / ANA PAULA RIBEIRO

Investidores realizam lucro e buscam proteção antes da reunião do Copom e Fed; Bolsa sobe 0,41%
- Chris Ratcliffe / Bloomberg News
RIO E SÃO PAULO - O dólar comercial mostrou recuperação no período da tarde desta terça-feira, após atingir a mínima de R$ 2,883 perto do meio-dia. A moeda americana fechou cotada a R$ 2,942 para compra e a R$ 2,944 para venda, alta de 0,75% ante o real, após cinco quedas consecutivas. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), perto do horário de fechamento, subia 0,41% em seu índice de referência Ibovespa, aos 55.761 pontos.
Na avaliação de analistas, essa alta está ligada a dois fatores. O primeiro é político, com o governo dando sinalizações de que pode ceder em alguns pontos do ajuste fiscal. O outro é um movimento de ajuste, em que os investidores aproveitam para realizar lucro e também buscam proteção às vésperas da divulgação de informações importantes na quarta-feira. Pela manhã, será divulgado o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos e, à tarde, o Federal Reserve (Fed, o bc americano) irá soltar o seu comunicado sobre política monetária. Esses acontecimentos devem ter efeito no mercado global de câmbio. Além disso, após o fechamento do mercado, o Banco Central irá anunciar a alta dos juros - atualmente a Selic está em 12,75% ao ano.
— A possibilidade do governo ceder no ajuste fiscal teve algum impacto. E tem também uma realização de lucros. Além disso, o entendimento é que o dólar abaixo de R$ 3 não ajuda a atividade exportadora — disse Felipe Silva, analista da Saga Capital.
João Medeiros, diretor da Pionner Corretora de Câmbio, lembra que os investidores também estão testando novos pisos e máximas para a moeda. Para ele, um dólar baixo não colabora para o ajuste das contas externas.
— O dólar está caindo no mundo todo. O que acontece neste pregão é um movimento de ajuste. Além disso, o volume de negócios está fraco, o que dificulta a queda da cotação — explicou.
O comportamento da divisa no Brasil neste final de tarde se descola do movimento externo. O dólar perde valor frente a todas as 16 principais divisas globais. O índice Dollar Spot, da Bloomberg, que mede a força frente a uma cesta de dez moedas, cai 0,65%.
Na avaliação de Emílio Garofalo, diretor do Banco Ourinvest, parte do recuo do dólar nos últimos pregões estão atrelada ao cenário menos pessimista para a economia americana e ao aumento de juros nos Estados Unidos, que deve ocorrer não mais em meados do ano, e sim no final de 2015 ou mesmo em 2016.
— A economia dos Estados Unidos está melhor, mas não tanto assim. A economia do Brasil está ruim, mas não tanto quanto parecia no primeiro trimestre. E a Petrobras está em uma situação difícil, mas não vai deixar de existir — disse sobre as mudanças de expectativas, lembrando que se em março o movimento de alta do dólar foi exagerado, o mesmo ocorre no sentido contrário.
VALE E CONSTRUTORAS PUXAM QUEDA DO IBOVESPA
As ações da Petrobras e dos bancos contribuem para a leve alta do Ibovespa nesta terça-feira. A estatal tem alta de 0,58% (ON) e 1,51% (PN). No caso do Itaú Unibanco, a valorização é de 0,85% e do Bradesco é de 1,50%. A alta é mais tímida no Banco do Brasil, 0,11%.
Entre as ações mais negociadas, puxa para baixo o pregão o desempenho da Vale e da Petrobras. A mineradora registra queda de 4,17% (ordinárias, com direito a voto) e de 0,69% (preferencial, sem voto). A empresa vinha de uma alta superior a 30% na semana passada por causa da valorização do minério de ferro.
— O mercado segue com o processo de realização de lucros iniciado ontem, depois de um período de fortes altas. A queda mais evidente hoje é da Vale, que disparou na semana passada e divulgará resultados trimestrais na quinta-feira. A Petrobras também cai dentro dessa mesma conjuntura de realização — afirmou Ari Santos, gerente de mesa Bovespa da corretora H. Commcor.
Santos também acredita que as novas restrições à compra de imóvel usado impostas pela Caixa Econômica Federal (CEF) impacta o desempenho das construtoras no pregão. A Cyrela cai 2,72%, a Even recua 4,20%, a Gafisa tem baixa de 4,47% e a MRV cai 4,18%.
— Mesmo que elas vendam imóveis novos, as restrições nos usados pode dificultar muito os planos de quem quer se desfazer de um apartamento para comprar outro novo — acrescentou.
BOLSAS EUROPEIAS EM BAIXA
Na agenda doméstica, os investidores devem repercutir os números do mercado de trabalho divulgados hoje, que voltaram a apresentar alta do desemprego. Em março, a taxa de desocupação nas seis principais regiões metropolitanas do país foi de 6,2%, segundo o IBGE. A expectativas de analistas do mercado financeiro era de 6,1%. Foi a terceira alta consecutiva do desemprego e a maior para o mês desde março de 2011. A renda média do trabalho ficou em R$ 2.134,60, queda real de 2,8% frente ao mês anterior.
Na Europa, as Bolsas fecharam em queda puxadas pelo desempenho ruim de empresas farmacêuticas e de alguns bancos e pela economia britânica, cujo crescimento trimestral foi o menor desde 2012. O FTSE 100, da Bolsa de Londres, recuou 1,03%, a de Paris registrou baixa de 1,81% e a de Frankfurt, de 1,89%. A economia britânica cresceu 0,3% no primeiro trimestre do ano, enquanto economistas esperavam expansão de 0,5%.
Nos Estados Unidos, o Dow Jones sobe 0,35% e o S&P 500 tem alta de 0,28%.

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