quinta-feira, 17 de julho de 2014

COMENTÁRIO: Relaxar e gozar

Por SAMUEL CELESTINO
Do BAHIA NOTÍCIAS
Coluna A Tarde 
A sucessão baiana até aqui não apresenta o charme e os debates que se observam em outros estados, embora relativos. Não dá sequer para inferir que este “status” é conseqüência da quase paralisação das campanhas durante o período da Copa do Mundo. Até porque os candidatos continuavam a trabalhar, mas o interesse popular – que já não é tanto – sofreu uma recaída. O futebol assumiu a prioridade. Em outros estados também assim aconteceu, de igual modo, envolvendo os candidatos à Presidência da República. Neste último aspecto, o que se questionava era se o resultado da Copa iria ou irá interferir na eleição de outubro.
Dava-se como certo que se houvesse uma junção entre uma boa organização dos jogos com o hexa do selecionado brasileiro, a presidente Dilma iria bailar nas nuvens. Aconteceu que a organização foi positiva, no que pesem os gastos, as obras não realizadas ou realizadas parcialmente (como a do aeroporto de Salvador), o superfaturamento o que leva à desconfiança, quase certeza, de corrupção. Já no futebol o Brasil fracassou. Pior, levou a um estado de vergonha nacional que ficará na história. O erro de Dilma foi “cantar de galo” antes de o sol raiar e criticar seus adversários, chamando-os “urubus” e “pessimistas”. Terminou em vaias colossais nas poucas arenas que ela freqüentou, exclusivamente por ser da obrigação presidencial.
Voltando ao início, a sucessão baiana transcorreu, no período, em clima para lá de morno. Em relação à campanha presidencial, havia um olho na Copa, outro na campanha e, em alguns estados, isto também ocorreu. Todo processo político-eleitoral desperta interesses ou, no mínimo, curiosidade. O da Bahia não foge à regra, mas ainda está longe, muito longe de ganhar fôlego maior. As campanhas dos principais adversários, Paulo Souto, Rui Costa e Lídice da Mata, ainda estão no plano de viagens ao interior para a conquista de apoios e coisas menores como declarações tipo “o novo sou eu”, “o governo que não fez nada” e por aí em diante. O que se pergunta, pelo menos a mim, é o de sempre: “Quem vai ganhar?”. E eu sei lá. Não sou decifrador de esfinge, não consulto oráculos nem sou vidente. De há muito desisti de ler cartas do tarô. O problema, neste caso, é conseqüência da falta de pesquisas registradas no Tribunal Regional Eleitoral. Só uma foi apresentada ao público, que dava uma vantagem substancial para Paulo Souto, de 42% contra 11% de Lídice e 9% para Rui Costa. Pesquisa vencida. Creio que houve mudanças.
O governador Jaques Wagner diz que dispõe de informações de uma aproximação de Rui Costa a Paulo Souto e entre Otto Alencar e Geddel Vieira Lima, os dois últimos candidatos ao Senado. De Lídice nada falou. Ora, a obrigação de Wagner é dizer exatamente isto enquanto não há outra pesquisa, o que acontecerá em breve. A Tarde fez uma parceria com a rádio Metrópole e a TV Aratu para a realização de uma consulta ampla que ofereça uma perspectiva da realidade eleitoral, ou da campanha, no Estado. Até se ter conhecimentos de novos percentuais ficarão dúvidas e saques sobre e a intenção de votos na capital e no interior. A tal pergunta até lá ficará no ar, pairando como uma pipa, ou arraia: “Quem vai ganhar?”
Enquanto no nível nacional criam-se fatos e alfinetadas entre os candidatos à Presidência (que não chegam ao Nordeste) aqui se mantêm na mesmice. Aliás, o choque que chama atenção é secundário. Trata-se do confronto através da mídia entre o prefeito ACM Neto e o governador Wagner. O curioso é que até pouco tempo ofereciam a impressão de que ambos estariam noivando, tal era a aproximação e os confetes que se lançavam, reciprocamente. Dava a impressão, também, que, afinal, a política baiana ganhara outra conotação. Passara a ser civilizada com o entendimento entre o poder estadual e o poder municipal de Salvador. Passara a época troglodita. Qual o quê! De repente o tempo virou e ambos passaram a jogar pedras um no outro, estabelecendo um distanciamento político considerável. A Bahia continuou sendo a velha Bahia. Ainda não é hora de sermos civilizados em política. Se for assim e nada houver para fazer em relação aos fatos, o melhor é observá-los à distância, arranjar alguns encrenqueiros de plantão para aumentar o conflito e, de resto, entregar a Marta Suplicy, sexóloga do PT, para que ela aconselhe o que tem feito: “relaxe e goze”.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |