quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

ECONOMIA: Dólar volta a bater em R$ 2,40 na máxima do dia; Ibovespa cai puxada por Vale

De OGLOBO.COM.BR
JOÃO SORIMA NETO
COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Analistas preveem que moeda americana mantenha tendência de alta frente ao real
SÃO PAULO - O dólar comercial iniciou as negociações desta quinta-feira em alta, cravando o quarto dia consecutivo de valorização frente ao real. Às 12h11m, a moeda americana subia 0,20%, cotada a R$ 2,392 na compra e a R$ 2,394 na venda. Na máxima do dia, o dólar voltou a bater em R$ 2,40 (alta de 0,54%), a maior cotação nos últimos cinco meses. Na mínima do dia, a moeda americana foi negociada a R$ 2,391 (valorização de 0,04%).
- A divulgação do fluxo negativo de US$12,2 bi do Brasil em 2013 e a percepção por parte dos investidores estrangeiros de que a redução dos estímulos americanos ainda deve continuar no próximo mês, são os principais responsáveis para a alta da moeda americana aqui e no exterior -a avalia João Paulo de Gracia Côrrea, analista da corretora de câmbio Correparti.
No exterior, a moeda americana também se valoriza hoje frente a moedas como iene e euro e em relação a divisas de países ligados a commodities.
Para o sócio da corretora de câmbio Pionner, João Medeiros, a alta do dólar também reflete um sentimento de reprovação ao que os investidores chamam de ‘contabilidade criativa’ do governo.
- A revelação de que o governo federal multiplicou por dez os gastos que são registrados no orçamento, mas não são pagos até 31 de dezembro (tecnicamente conhecidos como ‘restos a pagar’) - totalizando R$ 218 bilhões - mantém o tom pessimista do mercado em relação à forma como o governo trabalha para obter o superávit primário - avalia Medeiros.
No início do pregão, o movimento de alta do dólar frente ao real, que atingiu os R$ 2,40 minutos depois da abertura, também refletiu uma correção técnica no preço da moeda americana, que subiu no exterior ontem após a divulgação da ata sobre a última reunião do Federal Reserve, o banco central americano.
- O documento foi divulgado quando o mercado doméstico de câmbio já estava encerrando os negócios por aqui. A ata fez o dólar subir no exterior e refletiu no contrato futuro de dólar para fevereiro, negociado na BM&F. O papel se valorizou 0,96% no fechamento cotado a R$ 2,411 - diz um operador de câmbio.
Hoje, o Banco Central vendeu todos os quatro mil contratos ofertados na operação de swap cambial realizada entre 9h30 e 9h40, o que corresponde a um volume financeiro de US$ 199,2 milhões. Mesmo assim, a moeda americana mantém o viés de alta.
Sem indicadores importantes a serem divulgados hoje, analistas preveem que a moeda americana mantenha a valorização frente ao real. O único dado econômico divulgado hoje foi o número de pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos, que sinalizou melhora do mercado de trabalho. Os pedidos de seguro-desemprego caíram em 15 mil na semana encerrada em 4 de janeiro, para 330 mil, após terem ficado em 345 mil na semana anterior. Analistas esperavam redução para 338 mil novas solicitações.
Para amanhã, está prevista a divulgação do IPCA no Brasil em 2013 e em dezembro e o relatório de emprego nos EUA, números que devem mexer com o mercado financeiro.
O relatório de emprego dos EUA vai indicar como o mercado de trabalho está se comportando, sinalizando o ritmo que o Federal Reserve irá imprimir na redução dos estímulos à economia. Em dezembro, o banco central americano já reduziu as compras de títulos em US$ 10 bilhões - de US$ 85 bilhões para US$ 75 bilhões mensais.
Ibovespa está em queda puxada por Vale
Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o principal índice (Ibovespa) está em queda desde a abertura. Às 12h11m, o índice se desvalorizava 0,87% aos 50.137 pontos e volume negociado de R$ 1,2 bilhão. A queda é puxada pelas ações preferenciais classe A da Vale, que perdem 1,09% a 30,75. Os papéis preferenciais da Petrobras recuam 0,55% a R$ 16,11, enquanto as ações de bancos também se desvalorizam. Os papéis preferenciais do Itaú Unibanco caem 1,25% a R$ 31,36 e as ações PN do Bradesco perdem 0,74% a R$ 28,00.
- Os números de inflação vieram piores na China, o que levanta temores de uma redução da atividade econômica. Com isso, as ações da Vale reagem negativamente. Além disso, o mercado também repercute a ata do Federal Reserve, que não trouxe novidades, mas sinalizou que a maioria dos membros concordou que os estímulos à economia deveriam começar a ser reduzidos e este movimento vai continuar. E alguns membros sugeriram um corte de estímulos ainda maior do que os US$ 10 bilhões iniciais - diz João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos.
O índice de preços ao consumidor da China subiu 2,5% em dezembro na comparação com igual período do ano anterior, alta menor que a de 3,0%observada em novembro, segundo dados divulgados pelo departamento de estatísticas do país. Na comparação mensal, houve ganho de 0,3%.
Também continua pesando no humor dos investidores, neste início de ano, o temor de que o Brasil tenha seu rating rebaixado se os indicadores econômicos continuarem ruins, depois de declarações de membros de agências de classificação de risco.
A maior alta do pregão é apresentada pelos papéis ordinários da ALL, concessionária de ferrovias, com ganho de 8,16% a R$ 6,76. Reportagem do jornal "Valor Econômico" revela que o conglomerado de infraestrutura e energia Cosan estaria negociando com a ALL uma fusão com a Rumo Logística, ação que seria vista como alternativa pelas companhias para pôr fim à disputa sobre o contrato de transporte de açúcar. Segundo matéria, em novembro, a Estáter, consultoria de fusões e aquisições, passou a representar a ALL nessa tentativa de fusão.
A América Latina Logística (ALL) divulgou comunicado afirmando que o grupo e a Rumo Logística Operadora Multimodal ainda buscam soluções para as disputas relacionadas à relação comercial existente entre as empresas.
"O Grupo ALL constantemente avalia soluções alternativas com relação a tais disputas, sem que se possa antever, no presente momento, o resultado", diz a companhia, em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A maior baixa é apresentada pelas ações ON da CCR, com perda de 2,56% a R$ 16,37.
Na Europa, Bolsas estão em alta com melhora do sentimento econômico
Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) manteve a taxa de juro na zona do euro em 0,25% ao ano. O Banco da Inglaterra também manteve o juro em 0,5% ao ano e o seu programa de compra de ativos em 375 bilhões de libras. A decisão já era esperada pelo mercado. A ata do encontro será divulgada no dia 22 deste mês.
As principais Bolsas europeias estão em alta. O índice Dax, principal indicador daBolsa de Frankfurt, sobe 0,14%. A alta das Bolsas reflete a melhora do sentimento econômico da zona do euro, que avançou para 100 pontos em dezembro ante os 98,4 pontos registrados em novembro. A Comissão Europeia informou que o avanço no indicador foi puxado pela melhora no sentimento de todos os setores avaliados.
Na Ásia, os principais índices acionários fecharam em baixa, refletindo a queda dos mercados acionários americanos, na quarta, e antes da divulgação do relatório de empregos dos Estados Unidos, amanhã.
No Japão, o índice Nikkei 225 fechou em baixa de 1,50%, a 15.880,33 pontos. Na China, o Hang Seng teve queda de 0,91%, a 22.787,33 pontos, enquanto o Xangai Composto perdeu 0,82%, encerrando o pregão a 2.027,62 pontos. Na Coreia do Sul, o índice Kospi recuou 0,66%, a 1.946,11 pontos.

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