quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

ECONOMIA: Dólar fecha a R$ 2,39 em terceiro pregão seguido de valorização

De OGLOBO.COM.BR

Moeda americana avança pelo mundo nesta quarta-feira, após dados positivos sobre mercado de trabalho do EUA
Bolsa fecha em leve alta, após alerta da agência Standard & Poor’s (S&P) ter derrubado mercado ontem

BRUNO VILLAS BÔAS

RIO - O dólar comercial avançou frente ao real nesta quarta-feira pelo terceiro dia seguido. A moeda fechou negociada a R$ 2,388 na compra e R$ 2,390 na venda, uma alta de 0,50%. O mercado de câmbio acompanhou a tendência de fortalecimento da moeda americana pelo mundo, reforçada nesta quarta-feira pela divulgação de números mais positivos que o previsto sobre a geração de empregos no setor privado dos EUA em dezembro.
Ao longo do pregão, a moeda oscilou entre a mínima de R$ 2,369 (queda de 0,38%) e a máxima de R$ 2,393 (alta de 0,63%). A valorização se firmou após o relatório da ADP informar que o setor privado americano abriu 238 mil postos de trabalho em dezembro, o melhor ritmo em 13 meses e acima das expectativas. O dólar se fortaleceu também frente ao rand sul-africano (1,08%) e ao peso mexicano (0,53%).
- Os números de emprego reforçam a percepção que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) vai continuar reduzindo os estímulos monetários nos EUA. O que é bom para os EUA é atualmente ruim para o nosso câmbio - disse Reginado Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. - Internamente, temos nossos problemas e segue uma preocupação com o possível rebaixamento da nota de risco do Brasil.
Ontem, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) não descartou rebaixar a nota de classificação de risco brasileira, atualmente em “BBB”, antes das eleições presidenciais de outubro, o que vai depender basicamente da tendência dos indicadores da economia brasileira e das contas públicas. Essa avaliação já havia sido manifestada anteriormente pela S&P, mas foi recebida como um sinal de alerta pelo mercado.
Nos últimos dias, os maiores bancos de Wall Street se anteciparam e recomendaram aos clientes reduzir investimentos em emergentes. O banco Goldman Sachs recomendou cortar aplicações nesses mercados em um terço. Já o JP Morgan Chase avaliou que os títulos em moedas locais desses países vão entregar apenas 10% do retorno registrado desde 2004. E o Morgan Stanley previu que o real, a lira turca e o rublo seguem em desvalorização, segundo reportagem da Bloomberg.
Nesta quarta-feira, o BC divulgou que o Brasil registrou uma saída de US$ 12,7 bilhões em 2013, já descontado tudo o que entrou de moeda americana. Foi o pior resultado, desde 2002, quando o mercado financeiro produziu turbulências durante a campanha eleitoral com a possibilidade da vitória do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo relatório da NGO Corretora, o mercado de câmbio tem aparente calmaria nesta quarta-feira após um salto “puramente especulativo” nesses primeiros dias do ano. O economista Sidnei Nehme lembra que grandes bancos estrangeiros estão recomendando a retirada de recursos de economias emergentes, o que deve gerar um fluxo de saída de dólares.
“O desmonte das posições nos emergentes, que já foi insinuado no fim de 2013, tende a ganhar força e este fato promoverá pressão altista sobre o preço da moeda americana no nosso mercado, que consideramos poderá ser intensa ao fim do primeiro trimestre, num ambiente com baixo volume de ingressos de divisas no país”, avaliou Nehme.
Mais cedo, o Banco Central (BC) voltou a ofertar sua “ração diária” ao mercado via contratos de swap cambial tradicional - operação equivalente a uma venda de moeda no mercado futuro. Todos os 4 mil contratos oferecidos das 9h30m às 9h40m foram vendidos, numa intervenção de US$ 199,2 milhões, segundo informou a autoridade monetária.
Bolsa tem leve alta após alertas das agências de rating
Um dia após recuar mais de 1% com o alerta da S&P sobre a nota de classificação de risco do Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) tem um pregão de leve valorização nesta quarta-feira. O Ibovespa, principal índice de ações do país, subiu 0,29%, aos 50.576 pontos, com destaque para suas maiores empresas. O giro financeiro era de R$ 5,9 bilhões.
Os papéis que mais pesaram para a queda de ontem fecharam em leve recuperação. As ações preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras subiram 0,18%, a R$ 16,19; da Vale ganharam 0,58%, a R$ 31,08. Os bancos tiveram um desempenho misto, como alta de Itaú Unibanco PN (1,56%, a R$ 31,76) e queda de Bradesco PN (-0,07%, a R$ 28,20).
Após o fechamento do mercado, o Fed divulgou a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que marcou o início da retirada do programa de recompras de ativos nos EUA, em US$ 10 bilhões, para US$ 75 bilhões ao mês. O documento indicou que “a maioria dos membros considerou que a eficácia marginal das compras estava provavelmente declinando na medida em que as compras continuavam”.
Em Wall Street, o Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, opera em queda de 0,45%. O S&P 500, das 500 maiores empresas americanas, perde 0,16%. E o Nasdaq, uma referência para o setor de tecnologia, apresenta valorização de 0,33%.
Segundo Fábio Gonçalves, analista da Banrisul Corretora, o mercado passa por ajustes após os comentários da S&P terem “azedado” o humor dos investidores ontem. A agência disse poderia cortar a nota de classificação de risco do Brasil antes das eleições presidenciais de outubro se a tendência de indicadores justificassem a medida.
- Continuamos lidando com incertezas aqui. E se o Fed acelerar a retirada de liquidez nos Estados Unidos vamos ficar mais pressionados - disse Gonçalves.

Comentários:

Postar um comentário

Template Rounders modificado por ::Power By Tony Miranda - Pesmarketing - [71] 9978 5050::
| 2010 |