terça-feira, 2 de abril de 2013

ECONOMIA: É a eleição, estúpido

Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

Se havia alguma dúvida de que a inflação preocupa mais do que o governo dá a entender, ela foi dissipada com a decisão oficial de não acabar mais com a isenção do IPI para os automóveis neste ano. Pelo cronograma estabelecido no fim de 2012, o IPI dos automóveis e caminhões voltaria ao normal em três etapas: janeiro, abril e meados de 2013. Só a de janeiro foi implantada. No meio do feriado da Semana Santa, com direito a entrevista exclusiva no "JN", o ministro da Fazenda, juntamente com a divulgação de uma nota oficial, anunciou que os novos reajustes estavam suspensos. O inusitado do anúncio, em hora e dia poucos propícios para o marketing presidencial - tanto que a primeira edição dos jornais de domingo nem traziam a informação - mostra que foi uma decisão de última hora.

É a eleição, estúpido - II
O mote foi outro: a inflação está fazendo mais que simples "cócegas" como Mantega e sua equipe apregoam. Além do mais, dois eventos registrados na semana forçaram o governo a dar uma satisfação: primeiro foi a entrevista da presidente Dilma, quando ela deu mais do que a entender que seu governo não sacrificará o crescimento econômico pela inflação. A reação dos agentes econômicos - não apenas do chamado mercado - não foi nada boa, e Dilma organizou um "tour de force" governamental para tentar desdizer o que havia dito, com todo o alfabeto e seu estilo incisivo e cara de quem não admite contestações. O dito ficou dito porque até o labrador herdado de José Dirceu, com o qual costuma caminhar aos domingos, sabe que é exatamente isto que Dilma pensa. O que o governo persegue em primeiro lugar é um "PIBão", nem que seja de meros 3% em 2013.

É a eleição, estúpido - III
A segunda razão foi o Relatório Trimestral de Inflação do BC divulgado nas vésperas da Paixão, convalidando praticamente a expectativa de aumento dos preços dos analistas de mercado ouvidos para o Boletim Focus, situando-o em 5,7% em 2013 e indicando que durante o governo Dilma o centro da meta formal de 4,5% não será alcançado. O governo precisava dar um rápido sinal de que vai continuar segurando a inflação, na marra, mais na base de tapas (improvisos e medidas pontuais) do que de beijos (medidas estruturais) para evitar ruídos. Outras medidas nesse teor virão, sempre atacando mais os índices que a inflação. Não será nenhuma surpresa se nos próximos dias for prorrogada também a redução do IPI dos eletrodomésticos da linha branca - fogões, geladeiras, máquinas de lavar... No entanto, a desconfiança não deve ser rompida, pois como já está evidente e ficou claro na excelente entrevista exclusiva do ex-presidente Lula ao jornal "Valor Econômico" quarta-feira passada, vale qualquer sacrifício para reeleger Dilma. Diria o ministro sem pasta, marqueteiro da presidente e do PT : "É a eleição, estúpido...".

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