terça-feira, 2 de abril de 2013

ECONOMIA: Inflação em novo nível

Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

Na ata da última reunião do Copom, o BC informou que estava atento ao novo movimento dos preços uma vez que os aumentos de produtos do IPCA estão cada vez mais disseminados. A dúvida do BC, então, era se um movimento sazonal ou se a inflação havia mudado de "patamar". No Boletim Trimestral da Inflação, o primeiro deste ano, o BC praticamente sanciona esta mudança de patamar, ao admitir que a inflação este ano ficará em 5,7%, mais para o teto do que para o centro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. Sem contar que não promete preços comportados também para 2014. Não é à toa, portanto, que imediatamente a essas revelações e em seguida à polêmica e explosiva entrevista de Dilma, surgissem os movimentos para alterações na meta inflacionária, elevando os índices hoje de 4,5% com tolerância de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo. Puxou o bloco o professor e economista Luiz Gonzaga Belluzzo, um dos principais interlocutores de Dilma para assuntos econômicos. Os jornais desta semana certamente trarão outros artigos na mesma linha ou, no mínimo, explicando, com grandes elucubrações teóricas, que a inflação está longe de se rebelar e que um nível de preços mais elevados nesta altura não faz mal a ninguém, pois garante o dinamismo do PIB. O mesmo que Dilma disse que não disse na África do Sul. Quem esperar lerá essas preciosidades.

A inflação não é apenas alta. É uma cilada.
Voltemos a uma definição básica: inflação não é o fenômeno de aumento de preços. Trata-se do aumento constante de preços. Ou seja, uma alta de preços que se propaga no período seguinte e assim por diante. Daí o caráter inercial da inflação. Neste sentido estrito e técnico, não resta dúvida de que a inflação no Brasil é "perigosa", mesmo que relativamente baixa - reconheça-se que 6% per se não é algo intolerável. Sendo a inflação atual de caráter inercial, há de se quebrar tal inércia. Pode-se discutir muita coisa em economia, mas há largo consenso de que a melhor política num cenário como esse é aumentar a taxa de juros. Contudo, há que se considerar outra realidade: a atividade econômica no Brasil é débil e o mercado de trabalho está apertado, em pleno emprego. Isso tudo junto faz com que a política monetária do BC não seja tão fácil de ser executada. O que fazer? Ora, a escolha é de natureza política, de escolha de prioridades. É aí que o governo como um todo se enrola. Para crescer as políticas de estímulo ao investimento deveriam estar sendo eficientes. O que se vê é que as estratégias governamentais não passam no teste fundamental do tema: confiança e competência técnica. No tema do combate à inflação a estratégia do governo oscila entre as bravatas da presidente e do ministro da Fazenda e a adoção de medidas paliativas que distorcem ainda mais o cenário, isto é, desoneração setorial. No meio disso tudo está o frágil BC, vítima da cilada do governo e na qual docemente cai.

Câmbio, como no passado
Já não são apenas meses, mas anos que se usa a taxa de câmbio para combater a inflação. Alija-se uma variável estrutural para servir as benesses conjunturais. Como no governo de FHC, o governo brinca com a taxa de câmbio com a autoridade de quem não sabe das coisas. Se soubesse veria que a desindustrialização do país é gritante: as empresas produzem com baixo conteúdo tecnológico e competem com uma taxa de câmbio desfavorável.

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