Do UOL, em São Paulo
O dólar comercial teve a terceira alta seguida nesta quarta-feira (27), avançando 1,25%, a R$ 2,324 na venda. É o maior valor de fechamento desde 13 de novembro, quando o dólar fechou cotado a R$ 2,335.
O avanço da moeda norte-americana foi influenciado pela baixa oferta de dólares devido ao feriado do dia de Ação de Graças na quinta-feira (28), quando os mercados financeiros norte-americanos não funcionam.
Além disso, os investidores estavam cautelosos, após dados de que o número de americanos que pediu auxílio-desemprego diminuiu inesperadamente na semana passada, oferecendo sinais de melhora regular no mercado de trabalho.
Com isso, havia preocupação de que o banco central norte-americano (Fed, na sigla em inglês) possa começar a diminuir em breve seus estímulos. Atualmente, o Fed injeta US$ 85 bilhões por mês na economia dos EUA.
Cenário fiscal brasileiro preocupa
No cenário brasileiro, os investidores estavam pessimistas com a situação fiscal. Na sexta-feira (29), o Banco Central divulga os dados de outubro do resultado primário do setor público brasileiro. Em setembro, o indicador ficou negativo em R$ 9 bilhões, no pior resultado para meses de setembro desde o início da série histórica do BC, em dezembro de 2001.
Havia, ainda, espera pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre o próximo patamar da taxa básica do juro (Selic), que acontece nesta quarta-feira, após o fechamento dos mercados. Economistas consultados semanalmente pelo Banco Central esperam uma elevação de 0,5 ponto percentual da taxa Selic, atualmente a 9,5% ao ano.
A taxa de juros mais alta atrai investidores estrangeiros em busca de maiores rendimentos e pode ajudar na entrada de dólares no país.
Mesmo com o movimento de alta da moeda norte-americana nesta quarta, o mercado permaneceu atento à possibilidade de entrada de dólares, já que hoje encerra o prazo para o pagamento do bônus do leilão de Libra, no pré-sal, no valor total de R$ 15 bilhões.
BC faz operações para segurar cotação do dólar
O Banco Central concluiu nesta quarta a rolagem integral dos contratos de swap cambial tradicional (equivalente à venda de dólares no mercado futuro) que vencem em dezembro, equivalentes a US$ 10,110 bilhões.
Foram vendidos hoje a oferta total de 22,2 mil contratos, na décima etapa de rolagem. Entre os novos contratos, 14,85 mil têm vencimento em 1º de agosto de 2014 e os outros 7.350 têm vencimento em 2 de maio de 2014. A operação movimentou o equivalente a US$ 1,099 bilhão.
Atuação do BC no mercado de dólar
Foram vendidos 3.700 contratos de swap cambial tradicional com vencimento em 5 de março e 6.300 contratos com vencimento em 2 de junho de 2014. A operação movimentou US$ 496,8 milhões.
De segunda a quinta, são realizados leilões equivalentes à venda de dólares no mercado futuro; às sextas, são feitos leilões de venda de dólares com compromisso de recompra.
Fim do estímulo nos EUA preocupa investidores no mundo todo
Nos últimos meses, os investidores estão preocupados com a recuperação da economia dos Estados Unidos. Com sinais de que o país está superando a crise, o banco central do país começou a avaliar uma redução em seu programa de estímulos.
Atualmente, o Fed injeta US$ 85 bilhões nos mercados, em um programa conhecido como QE3. O BC americano tem utilizado uma ferramenta clássica de política econômica para fazer essa injeção de recursos: a compra de títulos públicos (pedaços da dívida estatal, vendidos pelo Tesouro dos EUA) em mãos de investidores e bancos.
Sem essa enxurrada de dólares e com juros mais altos nos EUA, os investidores tendem a preferir opções consideradas mais seguras, e tirar recursos de países emergentes.
Dólares baratos que alimentaram um boom no Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul na última década diminuíram desde que o Fed alertou, em maio, sobre a redução do esquema de compra de títulos dos EUA.
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