terça-feira, 30 de abril de 2013

POLÍTICA: Dilma, Lula e a arte de desistir

Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL

Sinais de fumaça nos céus brasilienses dão indicações de que a presidente Dilma e, por extensão, o ex-presidente Lula teriam desistido de trazer de volta ao redil presidencial o rebelde governador de PE, Eduardo Campos. O neto de Arraes tornou-se um caso perdido, irrecuperável para as boas práticas petistas depois do programa eleitoral do PSB no rádio e na televisão quinta-feira passada. O presidente nacional dos socialistas teria se excedido nas críticas ao governo e suas políticas. Foram decibéis acima do aceitável para um aliado - ainda mais um aliado com cargos no governo - e que sempre teve grande apoio de Brasília para governar seu Estado.

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O tiroteio foi mais pesado que o desferido pelo tucano oposicionista Aécio Neves. Assim, Dilma e Lula (ou seria o contrário) preparam-se para desidratar a presença de Campos na burocracia Federal. E, de quebra, desidratar sua força no PSB. Até o fatídico programa de quinta-feira, a ideia era não "punir" o governador pernambucano para não transformá-lo em vítima e também porque ainda havia esperanças de seu retorno aos braços aliados. Agora, aguarda-se apenas a oportunidade política para o tiro de misericórdia.

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Esta semana, com o feriado de amanhã que esvazia a capital da República e desarma os espíritos políticos, parecia o ideal para o acerto com o governador pernambucano. Porém, as escaramuças entre Legislativo e Judiciário aconselham certa prudência em lances político-eleitorais que podem acirrar os ânimos oposicionistas e gerar mais solidariedade entre os candidatos a adversários de Dilma. Um dos motivos do estranhamento entre o Congresso e o STF foi exatamente a liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes suspendendo a tramitação de uma proposta pensada para dificultar o nascimento de novos partidos. De interesse do governo, a medida prejudicaria especialmente a ex-ministra Marina Silva e o neto de Arraes e, por tabela, também o senador Aécio Neves.

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De todo modo, passada a tormenta, um pouco talvez à sorrelfa, Campos - e o PSB que segue sua orientação - serão apeados de postos que ocupam na Chesf, na Sudeco e na Sudene. Ao mesmo tempo, o ministro Fernando Bezerra, indicação dele para o ministério da Integração Nacional assinaria a ficha do PT, partido pelo qual se tornaria o candidato petista à sucessão do próprio Campos. Já os dissidentes, dentro do PSB, irmãos Cid e Ciro Gomes, manteriam com Leônidas Cristino, a Secretaria (com status de ministério) dos Portos, sem dar bola para Campos. E se o governador de PE resolver complicar a vida dos dissidentes do PSB, o PSD de Gilberto Kassab já foi posto de sobreaviso para abrigá-los. Semana passada Kassab esteve em Fortaleza oferecendo sua legenda a Cid e Ciro. O governo quer fazer as manobras com alguma cautela e sutileza para mostrar que não é Eduardo Campos que está saindo do governo, mas o governo que está desistindo dele.

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