João Sorima Neto
Os R$ 11,3 bilhões extras injetados na economia podem ajudar economia a crescer além de 2% este ano
SÃO PAULO - Além de contar com a queda da taxa básica de juros (Selic) e da prorrogação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para carros e alguns produtos como refrigeradores, máquinas de lavar roupa e materiais de construção, anunciados na semana passada, o governo terá uma ajuda extra para tentar fazer a economia brasileira deslanchar até o final do ano. Desde segunda-feira passada, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começou a antecipar o pagamento da primeira parcela do 13º salário a segurados que recebem até um salário mínimo. Serão injetados R$ 11,3 bilhões extras na economia. Embora nem todo esse dinheiro seja canalizado para o consumo, é uma boa injeção financeira para ajudar o Produto Interno Bruto (PIB) a crescer além de 2% em 2012, como prevê o mercado.
Esta é a sexta vez que a Previdência paga antecipadamente a parcela do 13º
salário. A primeira foi em 2006, resultado de acordo firmado entre o governo e
as entidades representativas de aposentados e pensionistas. A antecipação
deveria ser encerrada em 2010, mas o governo manteve a antecipação em 2011 e
este ano. Além de atender o pedido dos aposentados, a antecipação colabora
também para o aquecimento da economia. No ano passado, o pagamento antecipado da
primeira parcela do 13º aos aposentados representou uma injeção de R$ 10 bilhões
na economia brasileira.
- Ao saldar as dívidas, essas pessoas provocam um efeito positivo na
economia. Essa turma que está endividada, antecipa o pagamento ou limpa o nome
das listas do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e fica liberada novamente
para tomar crédito novo - avalia Miguel Ribeiro.
Levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC), mostra que o
percentual de famílias endividadas chegou a quase 60% em agosto, um aumento em
relação ao mês anterior, quando o índice ficou em 57,6%.
Para a economista Fernanda Della Rosa, da Federação do Comércio do Estado de
São Paulo, o momento é de queda tanto na inadimplência quanto no endividamento
das famílias. Com recursos extras, como a primeira parcela do 13º, a tendência é
que esses indicadores diminuam ainda mais.
- A primeira coisa que a pessoa faz, especialmente o pensionista, é quitar
dívidas e ficar com o nome limpo para poder tomar mais crédito no Natal - diz
Della Rosa.
Segundo pesquisa feita pela Fecomércio com 2 mil entrevistados, o nível de
endividamento das famílias em São Paulo está em cerca de 50%. A maior parcela
dos entrevistados - 27,6% - têm dívidas entre 3 e seis meses, enquanto 25,6% têm
dívidas com prazo acima de um ano.
- A maior parte dos endividados têm débitos até o fim do ano. Por isso, com
dinheiro extra, essa parcela de devedores vai antecipar o pagamento para fazer
novas dívidas no Natal - diz a economista da Fecomércio.
Além consumidores que não têm dívidas devem utilizar esse recursos para
adquirir novos produtos e serviços, bens de consumo ou até mesmo antecipar suas
compras de final de ano, segundo a economista Fernanda Della Rosa.
Sobre a antecipação da primeira parcela do 13º não haverá desconto de Imposto
de Renda (IR). De acordo com a legislação, o IR sobre o 13º só é cobrado em
novembro e dezembro, quando será paga a segunda parcela do benefício.
Em São Paulo, o pagamento da primeira parcela do 13º representa uma injeção
de R$ 3,2 bilhões na economia do estado. Na Bahia, são R$ 600 milhões e no Rio
de Janeiro R$ 1,2 bilhão. O valor da primeira parcela do 13º somado ao valor
mensal do pagamento regular do benefício de agosto significa R$ 37,3 bilhões
despejados na economia do país.
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