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O GLOBO COM JORNAIS INTERNACIONAIS
Plano da UE prevê usar fundos de resgate de € 750
bilhões para comprar títulos dos países nos mercados
LOS CABOS — Os fundos europeus de estabilidade serão usados para comprar
títulos de Espanha e Itália, cujas taxas de rendimento vêm registrando patamares
recordes, afirmou na terça-feira o jornal britânico “Daily Telegraph”, citando
como fontes autoridades da União Europeia (UE) presentes na reunião do G-20, em
Los Cabos, no México. Isso representaria um poder de fogo de € 750 bilhões, ao
se somar os recursos do Mecanismo de Estabilidade Financeira (MEE, que entra em
vigor em julho), de € 500 bilhões, e do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira
(Feef), que ainda teria em caixa € 250 bilhões. O objetivo seria mandar uma
mensagem de confiança ao mercado e reduzir o rendimento pago pelos títulos
desses países, que, no atual patamar — o da Espanha, por exemplo, está em torno
de 7% —, torna o financiamento dos governos insustentável.
O jornal espanhol “El País” afirmou, citando fontes, que o rascunho do plano
teria sido apresentado ao presidente americano, Barack Obama, que se encontrou
ontem com os líderes de Alemanha, Espanha, França, Itália e Reino Unido. O texto
incluiria maior união fiscal do bloco e medidas para estimular o
crescimento.
O também britânico “Guardian” afirmou que a Alemanha, que sempre se
manifestou contra o Feef emprestar diretamente a países endividados, aprovaria o
uso desses recursos. Uma porta-voz da chanceler Angela Merkel, no entanto, disse
ao jornal que “nada foi decidido ainda”.
A proposta, ainda segundo o “Guardian”, foi discutida em reuniões paralelas à
do G-20, grupo que reúne as principais economias mundias. Autoridades europeias
no G-20 disseram que os líderes da zona do euro podem fazer um anúncio oficial
nos próximos dias, mas ressaltaram que os detalhes ainda não foram fechados.
Segundo o “El País”, porém, o anúncio seria feito na próxima reunião de cúpula
da UE, nos dias 28 e 29 deste mês.
Títulos espanhóis voltam a subir
Até o momento, os recursos do fundo de resgate foram usados no socorro a
Grécia, Portugal e Irlanda, em programas que impuseram monitoramento externo e
rígidas medidas de austeridade. Pelo novo plano, os recursos não seriam
entregues diretamente aos governos, e sim seriam usados na compra de títulos da
dívida nos mercados financeiros. No ano passado, o Banco Central Europeu (BCE)
comprou 210 bilhões em bônus, principalmente da Grécia. As operações, no
entanto, foram suspensas — segundo o “Guardian”, por oposição da Alemanha.
— Veremos o que a zona do euro anunciará nas próximas semanas, mas sem dúvida
eles entendem que medidas isoladas em países isolados, como a recapitalização
dos bancos espanhóis e um governo grego a favor de permanecer no euro, não
bastam — disse o ministro de Finanças britânico, George Osborne.
No último dia 10, a UE concordou em ceder € 100 bilhões para a Espanha sanear
seus bancos. Apesar disso, o custo para o país se financiar nos mercados
continuou subindo. Os títulos de dez anos chegaram a registrar o recorde de
7,29% ao ano na segunda-feira. Ontem, em um leilão de papéis de 18 meses, Madri
teve de pagar uma taxa de 5,10% aos investidores. Há um mês, em operação
semelhante, foram 3,30%.
Grécia pode ter novo governo hoje
Nem a vitória dos conservadores na Grécia, no domingo, tranquilizou os
mercados. O partido Nova Democracia ainda tenta formar um governo de coalizão
com Pasok e Esquerda Democrática. O líder do Pasok, Evangelos Venizelos, disse
que o novo governo pode ser anunciado hoje.
Os gregos, porém, já mostram alguma tranquilidade. Os bancos do país, que
vinham enfrentando saques diários de até 800 milhões, já registram depósitos. E
Bruxelas pode liberar a parcela de 1 bilhão do acordo de resgate, que deveria
ter sido paga em maio, afirmou o jornal grego “Kathimerini”.
Fontes disseram ainda que a UE pode rediscutir os termos do segundo plano de
socorro à Grécia, porque o primeiro teria ficado obsoleto. Obama já se
manifestou a favor de revisar os prazos para cumprimento das metas. Mas Merkel
continua contra.
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