Do ESTADAO.COM.BR
Felipe Recondo - O Estado de S. PauloJuiz ameaçado alertou que grupo de Cachoeira tinha informações a respeito de ação pelo menos um mês antes
BRASÍLIA - O vazamento de informações da Operação Monte Carlo será
investigado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região e pela Polícia Federal.
A suspeita de envolvimento do juiz federal Leão Aparecido Alves e as ameaças
feita ao juiz que estava no caso, Paulo Moreira Lima, levaram a corregedora
nacional de Justiça, Eliana Calmon, a convocar uma reunião ontem com os dois
magistrados e o ex-corregedor do TRF1 Cândido Ribeiro.
Além das ameaças que sofria por comandar o processo contra Carlinhos
Cachoeira, o juiz Moreira Lima reclamava da suspeita levantada pelos colegas de
que as provas obtidas nas investigações seriam ilegais. Falava ainda em pressão
interna e vazamento de informações da Operação Monte Carlo antes que fosse
deflagrada.
As suspeitas pelo vazamento pesam sobre a mulher do juiz Leão Aparecido Alves
e sobre uma servidora que seria da confiança do magistrado que é titular da vara
onde atuava Moreira Lima. O vazamento foi confirmado pelo magistrado ao CNJ em
março, conforme revelou ontem o Estado. A Polícia Federal detectou o vazamento
de informações, informou o magistrado e passou a investigar para encontrar o
responsável.
Ao mesmo tempo em que o vazamento era descoberto, o juiz Leão Aparecido Alves
soube que um telefone que estava em seu nome estava sendo monitorado. Por isso,
o juiz encaminhou à Corregedoria-Geral do Tribunal Regional Federal da 1ª Região
uma representação contra Moreira Lima.
No dia seguinte à representação, o corregedor-geral do TRF1, Cândido Ribeiro,
foi a Goiânia ouvir Moreira Lima. Conforme relato feito ao CNJ, este teria
ouvido críticas à sua conduta e a afirmação de que deveria abandonar a tarefa,
pois estaria "apaixonado pela causa".
Moreira Lima foi então a Brasília pedir o respaldo da corregedora Eliana
Calmon. Para solucionar a crise interna, um juiz auxiliar do CNJ foi a Goiânia
mediar uma conversa entre Leão Aparecido Alves e Moreira Lima. O embate poderia
comprometer a Operação Monte Carlo, que seria deflagrada semanas depois.
As críticas feitas pelo juiz federal do TRF1 Tourinho Neto, no julgamento de
habeas corpus a favor de Cachoeira, também incomodaram Moreira Lima. "Não pode
haver a banalização das interceptações, que não podem ser o ponto de partida de
uma investigação, sob o risco de grave violação ao Estado de Direito", afirmou
Tourinho Neto.
Ameaças. Além desses problemas, Moreira Lima passou a ser
ameaçado, o que pesou decisivamente para sua saída do caso. Uma de suas razões
era a segurança da família, que chegou a ser procurada por policiais (ver
matéria abaixo)"por policiais que gostariam de conversar a respeito do processo
atinente a Operação Monte Carlo". Segundo ele, os policiais mostraram que sabiam
quem era cada um de seus familiares e onde moram".
O juiz que julgará o processo contra Cachoeira, Alderico Rocha Santos,
informou em nota que começará a analisar o caso em julho e prometeu celeridade.
"Diante da repercussão dos fatos, tenho certeza de que tanto os acusados como a
sociedade têm interesse no esclarecimento dos mesmos o mais breve possível",
disse ele.
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