Do ESTADAO.COM.BR
Especialistas veem retaliação da Al-Qaeda contra presença dos EUA e novo presidente iemenita que assumiu após saída de Ali Abdullah Saleh.
Um atentado suicida contra um grupo que ensaiava para um desfile militar
deixou ao menos 63 mortos na capital do Iêmen, Sanaa, nesta segunda-feira,
informam fontes do Exército iemenita.
O responsável pelo ataque, que supostamente vestia uniforme militar e
carregava um cinto de explosivos escondido, detonou as bombas entre soldados na
praça Al-Sabin próxima ao palácio presidencial.
Uma fonte da Al-Qaeda disse à BBC que um de seus membros estava por trás da
ofensiva que é o atentado mais mortal ocorrido no país desde que Abdrabbuh
Mansour Hadi assumiu o poder como novo presidente, em fevereiro deste ano.
O número de mortos pode aumentar, já que fontes médicas informaram à agência
de notícias France Presse que já há contagens extra-oficiais que apontam para ao
menos 96 mortos e 300 feridos.
O ataque ocorreu pouco antes de um dos chefes do Exército iemenita e o
ministro da Defesa, Nasser Ahmed, se aproximarem das tropas. Os dois escaparam
ilesos.
A maior parte dos mortos pertencia à Organização Central de Segurança, uma
força paramilitar comandada por Yahya Saleh, sobrinho do ex-presidente Ali
Abdullah Saleh.
Após uma série de intensas manifestações, confrontos e até um ataque ao
palácio presidencial ocorridos em meio à onda de protestos da Primavera Árabe,
Saleh deixou o poder ao assinar um acordo de transição mediado pelas monarquias
do Golfo Pérsico.
Hadi assumiu a Presidência e desde então vem tentando desvincular figuras do
alto escalão do governo e das Forças Armadas que eram ligados a Saleh.
Retaliação
O ataque desta segunda-feira chega dez dias após o Exército ter lançado uma
ofensiva contra militantes islâmicos ligados à Al-Qaeda na Península Árabe
(AQPA, na sigla em inglês).
Já no domingo, numa primeira aparente retaliação à operação, um instrutor da
Guarda Costeira dos Estados Unidos foi baleado e ficou ferido por atiradores não
identificados.
O grupo Ansar al-Sharia disse estar por trás do ataque. A facção, que também
é conhecida como Partidários da Lei Islâmica, tem ligações com a Al-Qaeda.
No fim de semana, ao menos 33 militantes e 19 soldados morreram em combates
na região de Abyan, dominada pelo grupo.
'Guerra contra a Al-Qaeda'
Logo após tomar o poder, em fevereiro, Hadi disse que uma de suas missões
mais importantes seria a "continuidade da guerra contra a Al-Qaeda como uma
obrigação religiosa e nacional".
Para o especialista da BBC em segurança, Frank Gardner, o atentado é uma
clara mensagem ao novo presidente, muito provavelmente por parte da Al-Qaeda, de
que não haverá trégua no combate entre o Exército e os militantes.
Somado ao ataque contra o instrutor americano, no domingo, o atentado deve
aumentar as preocupações de Washington e das potências ocidentais com os riscos
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