Do ESTADAO.COM.BR
Adriana Fernandes e Fernando Nakagawa - Agencia Estado
Valor ficou em US$ 5,403 bilhões em abril, segundo dados do Banco Central. Balança comercial pesou no resultado
BRASÍLIA - A conta de transações correntes do balanço de pagamentos do Brasil
com o exterior - indicador que mede todas as transações do Brasil com outros
países, como importações, exportações, investimentos e remessas - apresentou
saldo negativo de US$ 5,403 bilhões em abril, divulgou nesta quinta-feira o
Banco Central. O resultado é o pior da série histórica iniciada em 1947 e foi
influenciado pela balança comercial, que teve desempenho "ligeiramente abaixo do
visto nos meses anteriores", segundo o chefe-adjunto do Departamento Econômico
da instituição, Fernando Rocha. A previsão do BC era que o saldo negativo
ficasse em US$ 5,2 bilhões.
O resultado de abril foi pior do que o registrado em março, quando a conta
transações correntes foi deficitária em US$ 3,304 bilhões. O desempenho de abril
também foi mais desfavorável que o de abril de 2011, quando as transações
correntes registraram um saldo negativo de US$ 3,598 bilhões. O resultado
também foi incluenciado pela remessa de lucros e dividendos realizada por
empresas multinacionais instaladas no Brasil, que somou US$ 2,420 bilhões em
abril. A transferência do mês passado foi quase a metade de todas as remessas
registradas de janeiro a abril, quando o montante alcançou US$ 5,894 bilhões.
O BC também informou que o pagamento de juros em empréstimos contraídos em
outros países somou US$ 839 milhões no mês passado. De janeiro a abril, essa
despesa alcança US$ 3,287 bilhões.
Acumulado no ano No acumulado do ano de janeiro a abril, o
déficit em conta corrente foi de US$ 17,49 bilhões, o equivalente a 2,05% do
PIB. Em 12 meses até abril, o déficit em conta corrente subiu para US$ 51,593
bilhões, o equivalente a 2,04% do PIB. Até março, o déficit em transações
correntes estava em US$ 49,789 bilhões (1,98%) do PIB.
Viagens internacionais O relatório mensal das contas
externas mostra também que o déficit em viagens internacionais somou US$ 1,251
bilhão em abril. O montante é menor que o registrado em igual mês de 2011,
quando a conta do turismo ficou negativa em US$ 1,431 bilhão. De janeiro a abril
de 2012, o déficit em viagens internacionais atingiu US$ 4,712 bilhões.
Investimento estrangeiro O ingresso de Investimento Estrangeiro
Direto (IED) no Brasil somou US$ 4,669 bilhões em abril. O resultado ficou
abaixo da previsão do BC, que esperava ingresso de US$ 5 bilhões. No acumulado
do ano, de janeiro a abril, o ingresso de IED soma US$ 19,608 bilhões, o
equivalente a 2,30% do PIB. O IED de abril também ficou dentro das projeções dos
analistas, que esperavam resultado entre US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões, mas
abaixo da mediana calculada, de US$ 5 bilhões.
Segundo o BC, o resultado de abril para o IED foi inferior ao fluxo destes
investimentos em igual mês do ano passado, quando somaram US$ 5,520 bilhões. Os
dados do BC também mostram um recuo do ingresso de IED em relação a março deste
ano, quando entraram no País US$ 5,887 bilhões.
Nos 12 meses até abril, o fluxo de IED caiu para US$ 63,213 bilhões, o
equivalente a 2,50% do PIB. Segundo os dados do BC, o IED no mês de abril foi
composto por US$ 4 bilhões referentes à modalidade participação no capital e US$
624 milhões em desembolsos líquidos de empréstimos intercompanhias.
Interesse pelo Brasil Já o investimento estrangeiro em
ações brasileiras cresceu US$ 649 milhões em abril. O dado mostra que, apesar da
turbulência internacional, os estrangeiros aumentaram sua posição em ativos de
renda variável brasileiros. Desse montante, US$ 643 milhões foram destinados às
ações negociados no mercado nacional, e US$ 7 milhões foram alocados em recibos
de ações brasileiras, como os ADRs. Apesar de positivo, o desempenho das ações
brasileiras no mês passado foi inferior ao visto em abril de 2011, quando papéis
brasileiros atraíram US$ 1,916 bilhão.
Os estrangeiros também aumentaram sua posição em títulos de renda fixa
emitidos no Brasil em US$ 1,139 bilhão. Desse valor, a maior parte, US$ 1,022
bilhão, foi destinada a papéis negociados no exterior e uma fatia menor, de US$
117 milhões, foi alocada em títulos negociados no Brasil.
No acumulado de janeiro a abril de 2012, o investimento estrangeiro em ações
brasileiras cresceu US$ 5,843 bilhões, enquanto as aplicações em títulos de
renda fixa avançaram US$ 3,423 bilhões.
Taxa de rolagem Os dados do BC também mostram que a taxa de rolagem
total de empréstimos externos de médio e longo prazo feitos por empresas
instaladas no Brasil foi de 70% em abril. A taxa de rolagem de empréstimos
diretos no mês ficou em 41%, enquanto a taxa de bônus, notes e commercial papers
atingiu 924% em abril.
A dívida externa estimada para o mês de abril pelo BC somou US$ 297,257
bilhões. De acordo com o BC, houve uma redução de US$ 690 milhões em relação a
março.
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