Do POLÍTICA & ECONOMIA NA REAL
Publicamente, o governo brasileiro e a Petrobras
receberam com naturalidade a tomada pela Argentina da petroleira YPF das mãos da
espanhola Repsol. O Brasil não viu ameaças aos negócios da nossa empresa estatal
do setor por lá. Recebeu em Brasília o ministro argentino responsável pela área
petrolífera e interventor na reestatizada YPF e até acenou, mesmo que apenas
como uma cordialidade diplomática, com a possibilidade de a Petrobras fazer
novos investimentos no país vizinho como deseja a presidente Cristina Kirchner.
Ao mesmo tempo, apesar de desejos manifestados pelo ministro das Relações
Exteriores da Espanha, que inclusive esteve em Brasília na semana passada, Dilma
se recusou a condenar a posição adotada por sua colega argentina. Não aplaudiu
abertamente, pela óbvia razão de não despertar desconfianças em investidores
sobre o Brasil. O governo brasileiro aparentou total normalidade no caso. Para a
Petrobras, dizia-se, nada muda.
O
que a Petrobras não diz ao Brasil. Nem à Argentina (II)
Para o mundo real, no entanto, o conteúdo é outro.
Em recente documento encaminhado à SEC, a Petrobras apresenta de outra forma a
questão da YPF. Não a normalidade que passou para os brasileiros. Segundo relato
das agências de Notícias Infolatam e Efe, a Petrobras informou aos americanos
que é provável que o governo de Kirchner "siga intervindo" na indústria
petroleira além do que já fez com a Repsol. Informa também que a intervenção na
YPF pode ter "efeitos materiais adversos" sobre seus "próprios negócios,
condição financeira e resultados operacionais". Diz ainda que "as permissões e
concessões de exploração de petróleo e gás na Argentina estão sujeitas a
condições e podem não ser renovadas ou ser revogadas". A CVM foi comunicada
oficialmente dessas preocupações ? Os investidores brasileiros sabem dela ? O
governo Kirchner, com quem Dilma quer manter uma vida serena, sabe dessas
desconfianças brasileiras ?
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