De OGLOBO.COM.BR
Eliane Oliveira
Eliane Oliveira
Expectativa é de que carros populares fiquem cerca
de 10% mais baratos, animando empresas e consumidores
BRASÍLIA e RIO — O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, festejou os novos incentivos
ao setor automotivo anunciados na segunda-feira pelo ministro da Fazenda, Guido
Mantega. Belini disse que a demanda do setor foi atendida, confirmou que os
preços dos carros populares vão cair em torno de 10%, como previu Mantega, e
completou que os veículos de mil a duas mil cilindradas ficarão cerca de 7% mais
baratos se forem bicombustíveis (movidos a álcool e a gasolina):
— As medidas vão destravar o crédito — disse.
Até recentemente, o representante do setor automotivo era um dos maiores
críticos da política do governo voltada à redução dos juros bancários, sob o
argumento de que nada do que foi feito havia originado melhorias nas vendas de
automóveis. Segundo Belini, os consumidores poderão comprar veículos mais
baratos, com prestações que não extrapolem seu orçamento, assim que as medidas,
em especial a queda do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), entrarem
em vigor.
— As prestações vão caber no bolso do consumidor com a redução do IPI, do IOF
e com a liberação do compulsório— afirmou.
De acordo com o presidente da Anfavea, um dos grandes problemas enfrentados
pelo setor automotivo hoje é a dificuldade para renovar estoques, o que
atualmente acontece em 45 dias, enquanto o período usual é de 30 a 35 dias.
Existiam até ontem 360 mil veículos nos pátios, disse um técnico da
associação.
Belini enfatizou que, com a perda de clientes no mercado internacional,
principalmente por causa da crise que atingiu em cheio a Europa, a saída é
investir no mercado interno. Para ele, as medidas põem as montadoras nacionais
em iguais condições de competitividade com as de outros países, que são
beneficiadas pelo câmbio e pelos baixos custos da mão de obra e do crédito. Nem
as montadoras que ainda resistem a se habilitar ao regime automotivo brasileiro
poderiam se queixar do regime diferenciado, defende Bellini:
— O setor automotivo representa 23% do Produto Interno Bruto industrial e
emprega 1,5 milhão de pessoas. E o mercado interno brasileiro tem um grande
potencial. No Brasil, a cada sete pessoas, uma tem um automóvel, enquanto nos
Estados Unidos, por exemplo, a proporção é de um para 1,5.
Mesmo empresas como a francesa Citroën, que não tem carros de mil cilindradas
no mercado brasileiro, enxergam a medida de forma positiva:
— Todas as marcas se beneficiarão. Com certeza, vai gerar um movimento grande
de mercado — afirmou Francesco Abbrozzesi, diretor geral da Citroën do
Brasil.
No lançamento do DS3, um modelo compacto, importado e de luxo da marca, em
São Paulo, as novas medidas já podiam ser sentidas. O valor do carro, que era de
R$ 88 mil, com as novas regras do IPI, caiu para R$ 79.900.
Dados da Anfavea mostram que as vendas de automóveis caíram 13,82% no mês
passado, em relação a março, e 12,27% ante abril de 2011. No quatro primeiros
meses do ano, houve retração de 3,4% do faturamento do
setor.
Comentários:
Postar um comentário