Cenário externo predomina e investidores ainda
mantêm o foco na situação da Grécia
SÃO PAULO - O Banco Central voltou a intervir no mercado de câmbio nesta
quinta, mas a moeda americana retomou sua trajetória de alta nesta tarde. Por
volta de 13h30m, o dólar subia 0,09% cotado a R$ 2,038 na compra e R$ 2,041 na
venda. A autoridade monetária fez um leilão de contratos de swap cambial e, após
a venda, o dólar que operava em alta, passou a cair. O Ibovespa, principal
índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), se fixou no campo negativo.
No mesmo horário, o índice caía 1,92% aos 53.568 pontos. Na Europa, as Bolsas
fecharam em alta e, nos EUA, as Bolsas sobem. O mercado mundial continua
acompanhando a situação da Grécia, que pode deixar a zona do euro.
Nesta quinta, o BC fez a intervenção quando a moeda americana estava em R$
2,054, a máxima cotação do dia. O BC informou que foram vendidos 11,3 mil
contratos no valor de US$ 562,5 milhões. A oferta total era de US$ 2
bilhões.
Na quarta, após duas intervenções do Banco Central, que vendeu contratos de
swap cambial (o equivalente a vender moeda americana no mercado futuro), o dólar
caiu 1,97%, cotado a R$ 2,03. Segundo dados do BC, os investidores estrangeiros
retiraram US$ 5,2 bilhões em aplicações do Brasil desde o começo do mês. O
déficit total no mês é de US$ 1,5 bilhão, amenizado pela entrada de dólares via
balança comercial.
- Após as duas intervenções de quarta, a indicação para o mercado é de que o
teto da moeda americana é de R$ 2,10. Foi quando o dólar se aproximou desta
cotação que o BC entrou no mercado na quarta - diz Luciano Rostagno,
economista-chefe do banco WestLB.
Para analistas, há uma queda de braço entre o mercado e o BC pelo patamar do
dólar. Isso porque apesar de ter ofertado US$ 4 bilhões em contratos de swap
cambial, na quarta, o BC vendeu apenas US$ 1,3 bilhão. Nesta quinta, também não
foi vendida a totalidade dos contratos.
- Se houvesse tanta demanda assim no mercado futuro, todos os contratos
teriam sido comprados. O que se vê é um briga entre o BC e o mercado pela maior
cotação do dólar. Com especulação, o mercado pressiona o governo a retirar as
restrições ao capital externo, entre elas o aumento do IOF para captações
externas - avalia um analista de São Paulo.
Na quarta, o BC zerou o IOF no mercado futuro para exportadores.
As principais bolsas de valores europeias fecharam em alta nesta quinta,
apesar do índice de atividade industrial dos países da eurozona ter caído para
45 pontos em maio - menor leitura desde junho de 2009. Analistas dizem que na
reunião de líderes europeus a retomada da discussão de um bônus comum aos 17
países e a possibilidade de medidas de estímulo às economias, ante a posição de
austeridade de Angela Merkel, a primeira-ministra alemã, animaram os
investidores. O índice Ibex, de Madri, subiu 1,46%; o Dax, da Bolsa de
Frankfurt, ganhou 0,48%; o Cac, de Paris, avançou 1,16% e o FTSE, de Londres,
teve valorização de 1,59%.
Na reunião de líderes europeus, em Bruxelas, as declarações foram
de apoio à permanência da Grécia no bloco, desde que o país cumpra as
medidas de austeridade fiscal e os compromissos econômicos acertados com o Fundo
Monetário Internacional, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu (grupo
conhecido como Troika). Nenhuma medida concreta foi anunciada pelos líderes e
uma nova reunião foi marcada para junho. Cresce a ideia de criar garantias para
depósitos bancários, evitando saques em massa e fragilizando o sistema. Também
foi discutida uma aproximação fiscal entre os países para que seja possível a
emissão de um título comum entre os 17 países do euro.
Mas um relatório do Citibank, enviado a clientes, aponta que a Grécia deve
sair do euro em janeiro de 2013. A moeda grega, a dracma, teria uma
desvalorização de 60% frente ao euro. As consequências da saída da Grécia seriam
sentidas em todos os países do euro, mas a crise seria administrável, prevê o
Citibank. A agência de classificação Fitch considera mais provável, no caso de
saída da Grécia da zona do euro, uma resposta eficaz do bloco e um efeito de
contágio mínimo que um cenário mais obscuro, segundo Douglas Renwick, diretor
sênior da empresa.
Nesta quinta, a Alemanha anunciou
crescimento de 0,5% no primeiro trimestre devido a uma recuperação das
exportações, confirmando a força da maior economia da Europa.
Nos EUA, as Bolsas operam com volatilidade. Há pouco, o Dow Jones caía 0,31%,
o Nasdaq perdia 0,73% e o S&P 500 se desvalorizava 0,32%. US Census Bureau
divulgou que os pedidos de bens duráveis em abril tiveram alta de 0,2%, em linha
com as projeções do mercado. o Número anterior apresentou queda de 3,7%. Já os
pedidos de bens de capital apresentaram queda de 1,4% frente a uma alta anterior
de 2,1%. E os pedidos semanais de auxílio desemprego tiveram queda de 2.000
pedidos para 370.000, também em linha com a projeção do mercado. Os dados não
devem ter impacto forte nos mercados.
Na Ásia, a maioria das Bolsas fechou no campo negativo, refletindo os dados
mais fracos sobre a atividade manufatureira na China e as preocupações com
Grécia. Os dados industriais (PMI) de maio, na China, indicam uma persistente
fraqueza na economia doméstica. O PMI da atividade do setor industrial da China
caiu de 49,3 pontos em abril para 48,7 pontos em maio - a menor leitura em dois
meses. Na Bolsa de Hong Kong, o índice Hang Seng caiu 0,6%. Na China tiveram, o
índice Xangai Composto caiu 0,5% enquanto o Shenzhen Composto recuou 0,9%. A
Bolsa de Tóquio, no Japão, fechou com leve alta, com os investidores em busca de
pechinchas. O índice Nikkei subiu 0,1%.
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