domingo, 20 de fevereiro de 2011

MUNDO: Manifestantes tomam segunda maior cidade da Líbia e filho de Muammar Kadafi diz que ditador vai 'lutar até o último homem'

De O Globo

RIO - Manifestantes que protestam contra Muammar Kadafi tomaram neste domingo a segunda maior cidade da Líbia, Benghazi, disseram testemunhas à "CNN". Eles teriam o apoio de militares que romperam com o governo. À TV estatal do país, o filho do ditador Seif al-Islam Kadafi disse que seu pai vai lutar até que "último homem esteja de pé" e que o Exército vai garantir a segurança da nação a qualquer custo. Ele afirmou ainda temer uma guerra civil e a segregação do país, se os levantes continuarem. E anunciou que o Congresso Geral, equivalente a um Parlamento, vai se reunir na segunda-feira para discutir uma "clara" agenda de reformas, e o governo vai aumentar os salários.
O filho de Kadafi confirmou que os manifestantes tomaram em Benghazi quarteis, tanques e armas dos militares. Ele disse que é o próprio ditador quem está comandando a reação do Exército contra os protestos.
- Nós não somos a Tunísia ou o Egito - disse.
Numa tentativa de desqualificar as manifestações, Seif al-Islam atribuiu as agitações dos últimos dias a bêbados, criminosos e estranjeiros. E, ao falar em guerra civil, disse que a situação do país ficaria caótica, se a população não se juntasse em apoio ao governo.
- Isso é uma traição. Cada um de nós quer ser um líder, cada um de nós quer ser um príncipe - afirmou.
O jovem Kadafi, que foi nomeado em 2009 como coordenador-geral da Líbia e é apontado como herdeiro de seu pai, reconheceu que o Exército cometeu erros durante as agitações porque não foi treinado para lidar com manifestações, mas acrescentou que o número de mortos foi superestimado e disse que eles somam 84. A organização Human Roights Watch informou, no entanto, que já são ao menos 233.
O filho do ditador que está há 41 anos no poder disse que as reformas serão propostas dentro de dias, o que descreveu como uma "iniciativa histórica nacional", e afirmou que o regime está disposto a suspender algumas restrições e a iniciar as discussões para uma Constituição. E se ofereceu para mudar algumas leis, inclusive as relativas à mídia e ao código penal.
Ao menos mais 25 pessoas morreram nas agitações no domingo. Um grupo antigoverno teria usado um carro carregado com explosivos contra forças de segurança. No sábado, as forças oficiais abriram fogo contra manifestantes, durante um funeral. Testemunhas que conversaram com os repórteres da "CNN" caraterizam os confrontos como um genocídio.
De acordo com a TV "Al-Jazeera", outros manifestantes estavam se dirigindo contra o complexo de Kadafi, na cidade de Al-Zawia, nas proximidades de Trípoli. A emissora disse que o objetivo da multidão é incendiar a instalação.
(Número de mortos na Líbia pode passar de 200)
O ataque ocorreu durante um novo cortejo fúnebre de manifestantes que morreram no sábado. O choque aconteceu quando centenas de pessoas que participavam do funeral, algumas carregando caixões nas cabeças, passavam pelo quartel militar de Alfadeel Abu Omar. Um grupo atirou um veículo contra o muro do quartel, e as tropas abriram fogo contra os que seguiam no cortejo.
Os confrontos continuaram ocorrendo em torno do quartel militar e, de acordo com o médico do Hospital Al Jalla, em Benghazi, mais de 200 pessoas já morreram. Testemunhas dizem que a situação é muito grave e chegam a caraterizar os ataques como um genocídio.
- A situação é muito, muito grave no momento. Podemos dizer que o que aconteceu aqui foi um genocídio - relatou uma testemunha à "CNN" por telefone.
O embaixador da Líbia para a Liga Árabe renunciou em meio à agitação no país. Abdel Elhuni disse que não pode participar de um regime que mata inocentes. As manifestações populares contra o regime de Muammar Kadafi, que governa o país há 41 anos, vêm fazendo vítimas desde a última quarta-feira. O governo mantém rígido o controle da comunicação no país e não confirma o número de mortos.

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