terça-feira, 5 de junho de 2018

ECONOMIA: Dólar fecha a R$ 3,812; maior valor em mais de 2 anos

OGLOBO.COM.BR
POR ANA PAULA RIBEIRO

Leilão extra de "swaps" chega a US$ 1,1 bi; Bolsa tem queda de 2,48%

Dólar, a moeda oficial dos Estados Unidos - Xaume Olleros/Bloomberg

SÃO PAULO — O dólar comercial renovou as máximas em mais de dois anos nesta terça-feira. A moeda americana fechou em alta de 1,81% ante o real, cotada a R$ 3,812. Essa é a maior cotação desde 2 março de 2016. O Banco Central (BC) precisou intervir para conter a valorização. Já o Ibovespa, principal índice de ações local, recuou 2,48%, aos 76.641 pontos, após quatro altas consecutivas.
Na avaliação de Luciano Rostagno, estrategista do Mizuho Bank, a deterioração dos ativos brasileiros (real, ações e juros de longo prazo) decorre, em menor grau, do cenário externo em meio ao temor de um acirramento da disputa comercial. Mas o que mais tem pesado é a incerteza em relação ao quadro eleitoral e a fragilidade das contas públicas. 
- As pesquisas vem apontando para o avanço dos candidatos dos extremos. A paralisação dos caminhoneiros mostrou que a população não está dando suporte para uma agenda reformista e não entende que o governo não consegue gerar superávits fiscais recorrentes - disse, se referindo ao fato do setor público ter um nível de gastos acima das receitas, o que causa um déficit nas contas públicas.
A pesquisa do site Poder 360 mostra que os pré-candidatos Jair Bolsonardo (PSL) e Ciro Gomes (PDT) lideram, nessa ordem, as intenções de voto para a Presidência. O levantamento foi divulgado na noite de segunda-feira. Nenhum dos dois defende uma agenda de reformas econômicas que agrade, de forma geral, os agentes do mercado financeiro.
- O pregão até começou de forma negativa. Mas houve uma piora para os emergentes com as tensões comericias e dados mais positivos da economia dos Estados Unidos. No Brasil pesou mais porque o contexto político está bastante incerto e gerea uma cautela por parte dos investidores - disse Rafael Passos, analista da Guide Investimentos. 
ATUAÇÃO DO BC
Na máxima do pregão, a moeda chegou a subir 1,92%. Entre o final da manhã e o inicio da tarde, o Banco Central (BC) fez um leilão adicional de "swap cambial". Em duas etapas, foram vendidos 22,3 mil contratos, o equivalente a US$ 1,1 bilhão - o máximo poderia chegar a 30 mil (US$ 1,5 bilhão) -, com vencimento em 1º de agosto. Essa operação equivale a uma venda de moeda americana no mercado futuro e tem como objetivo conter a volatilidade.
No entanto, o alívio durou pouco e o dólar voltou a subir. Pela manhã, a autoridade monetária já tinha feito o leilão de 15 mil contratos que vem sendo realizados desde o mês passado, negócios, além da rolagem das operações que vencem em 1º de julho.
O movimento no Brasil é intensificado devido às dúvidas sobre o ritmo da recuperação da economia. Cleber Alessie, operador da corretora H.Commcor, lembra que a paralisação dos caminhoneiros terá efeitos sobre a atividade econômica. 
- Os ativos brasileiros estão mais sensíveis. Quando há uma deterioração no exterior, aqui é muito pior. E se já não bastava ser um ano eleitoral, ainda tivemos a paralisação dos caminhoneiros, que machucou a economia e ainda deixa em aberto o temor para novas greves - avaliou.
Lá fora, o que despertou o fortalecimento da moeda americana foi a divulgação de dados do setor de serviços, que vieram acima do esperado, além das preocupações com as tensões comerciais. O "dollar index", que mede o comportamento da divisa frente a uma cesta de dez moedas, tinha leve queda de 0,12% próximo ao horário de encerramento dos negócios no Brasil.
O dólar ganha mais força em relação a moedas de emergentes, em especial o peso mexicano, após o governo do país anunciar retaliações comerciais contra os Estados Unidos. "O mercado de moedas mostra o dólar operando mais forte, ganhando das principais divisas fortes e emergentes. Além disso, as iniciativas do governo para tentar amortecer o impacto da alta dos combustíveis ao consumidor devem continuar no radar dos investidores", avaliou Ricardo Gomes da Silva Filho, superintendente da Correparti Corretora de Câmbio.
Eletrobras cai forte
As ações da Eletrobras lideraram a queda. A Justiça suspender o processo de privatização das distribuidoras da estatal. A Eletrobras informou ao mercado que “analisará as medidas cabíveis”. As preferenciais (PNs, sem direito a voto) tiveram queda de 8,14% (R$ 17,36). As ordinárias (ONs, com direito a voto) afundaram 7,98% (R$ 22,69).
Entre as mais negociadas, os papéis da Petrobras também operaram em terreno negativo. Os preferenciais recuaram 5,36%, cotados a R$ 16,59, e as ordinárias registraram desvalorização de 3%, a R$ 19,38. No exterior, o petroleo tinha leve queda de 0,40%, a US$ 74,99 o barril do tipo Brent.
Os bancos, que possuem o maior peso na composição do índice, também tiveram queda significativa. As preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco caíram, respectivamente, 3,10% e 4,80%.
Entre as altas, os papéis da Vale subiram 2,30% e os da Suzano, 2,70%. A fabricante de celulose, por ser exportadora, se beneficia da valorização do dólar.

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