sexta-feira, 8 de junho de 2018

ECONOMIA: Dólar fecha a R$ 3,709, na maior queda desde 2008

OGLOBO.COM.BR
POR JOÃO SORIMA NETO / ANA PAULA RIBEIRO

Moeda recuou 5,50% com atuação do BC; Ibovespa tem recuo de 1,23%

SÃO PAULO - Com uma atuação mais firme do Banco Central no mercado de câmbio, o dólar registrou uma queda acentuada nesta sexta-feira, na contramão do mercado externo. A moeda americana terminou o pregão cotada a R$ 3,709, com queda de 5,50% ante o real. Esse é o maior recuo da divisa em quase dez anos. No acumulado semana, no entanto, a desvalorização é menor, de 1,56%. Já o Ibovespa, principal índice do mercado acionário local, teve queda de 1,23%, aos 72.942 pontos, a quarta seguida. Em uma semana, o indicador retrocedeu 5,56%.

Pacotes com notas de US$ 1 - Andrew Harrer / Bloomberg

A queda, a maior desde o dia 13 de outubro de 2008, ocorre após o dólar ter atingido a maior cotação em mais de dois anos. Na quinta-feira, a divisa americana encostou em R$ 4 e fechou a R$ 3,925. Para conter essa valorização exagerada, o BC voltou a reforçar ontem que tem fôlego para continuar atuando no mercado de câmbio, provendo a liquidez necessária. Estão programados US$ 24,5 bilhões em ofertas de swap cambial, que equivalem a uma venda da moeda no mercado futuro. O volume pode ser elevado caso haja necessidade.
- O que ocorreu ao longo da semana foi um ataque especulativo. A situação da economia não teve uma piora tão grande assim em dez dias. O Banco Central então decidiu elevar o tom e garantiu que ofertará esse volume de recursos. Isso não quer dizer que reverteu a tendência de alta da moeda, mas tirou um pouco da loucura dos últimos pregões - avaliou Cleber Alessie, operador da corretora H.Commcor.
Nesta manhã, além da venda de 15 mil novos contratos de swap, que equivalem a US$ 750 milhões, que já vinha sendo feita desde maio, o BC fez uma oferta extraordinária de US$ 3 bilhões. Com maior liquidez, o dólar cedeu. Na máxima, chegou a R$ 3,859 e, na mínima, já no final do pregão, a R$ 3,696. 
O BC também fez um leilão de rolagem de 8,8 mil contratos de swap, o que equivale a US$ 440 milhões. No entanto, essa operação, por se tratar de uma troca de vencimentos, não tem efeito na liquidez do mercado. 
Ilan Goldfajn, presidente do BC, em entrevista concedida na noite de quinta, se mostrou disposto a, se necessário, usar reservas internacionais do país, que somam US$ 382 bilhões. Ilan evitou comentar a influência do cenário eleitoral na ação dos investidores, mas o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, admitiu que a aproximação das eleições gera mais instabilidade em meio ao movimento global de valorização da moeda americana.
Apesar da queda de hoje, ainda persistem incertezas sobre o comportamento do câmbio por conta da situação fiscal ruim do país, da volatilidade trazida pelas eleições e da aversão a países emergentes no cenário externo, que cresce com a proximidade da reunião do Federal Reserve (Fed, o bc americano), que deve elevar os juros nos Estados Unidos.
BOLSA EM QUEDA
A recuperação, no entanto, não chegou na Bolsa. Praticamente todas as ações mais negociadas do Ibovespa, e que também possuem peso relevante na composição do índice, fecharam em queda. No caso dos papéis da Petrobras, as preferenciais (PNs, sem direito a voto) fecharam a R$ 15,25, recuo de 3,24%. As ordinárias (ON, com direito a voto) caíram 4,86%, a R$ 18.
Os papéis da Vale também tiveram forte recuo, de 6,75%. No caso dos bancos, os papéis do Bradesco caíram 0,87% e os do Itaú tiveram pequena alta de 0,24%. 
O destaque, no entanto, fica por conta da Suzano. A empresa de papel e celulose, que se beneficia da alta do dólar, fechou hoje em queda de 9,44%, refletindo a desvalorização da moeda americana. Já os papéis da BRF caíram 7,48%. As ações da maior exportadora de frango do país afundaram após a decisão do governo chinês de aplicar tarifas de importação sobre o produto brasileiro.
- Além do cenário externo ruim, dos problemas fiscais brasileiros e da tensão pré-eleitoral, o mercado está especulando hoje a possibilidade de uma terceira denúncia da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, contra o presidente Temer. Todos estes fatores fazem a Bolsa recuar - diz Luiz Roberto Monteiro, operador da corretora Renascença.
Na Europa, os principais pregões fecharam no negativo: Frankfurt recuou 0,35% e Londres perdeu 0,30%. Os mercados americanos começaram o dia no negativo, mas inverteram o sinal à tarde. O Dow Jones fechou em alta de 0,30% e o S&P 500 subiu 0,31%.
TESOURO DIRETO SUSPENDE NEGOCIAÇÕES NOVAMENTE
O Tesouro Direto novamente suspendeu suas operações de venda de títulos públicos nesta sexta-feira por conta da volatilidade. A suspensão começou às 9h40 e os negócios devem ser retomados por volta das 15h30 horas. Ontem, as operações do Tesouro Direto com títulos públicos foram suspensas duas vezes pelo mesmo motivo. Hoje é o quinto dia consecutivo de suspensão de negócios no Tesouro Direto.
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