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POR O GLOBO / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Departamento de Justiça nega alegações de que James Comey solicitou mais recursos para inquérito
Diretor do FBI, James Comey é interrogado no Congresso sobre decisão de não processar Hillary Clinton pelo uso de um servidor privado para e-mails confidenciais - YURI GRIPAS / AFP
MOSCOU — Dias antes de ser demitido, o ex-diretor do FBI James Comey pediu ao Departamento de Justiça um aumento significativo dos recursos para as investigações sobre as alegações de que a Rússia teria interferido nas eleições americanas em benefício do presidente Donald Trump, de acordo com a imprensa americana, citando fontes do Congresso não identificadas. A informação, no entanto, foi negada pelo Departamento de Justiça.
Em uma decisão surpreendente, Trump demitiu Comey na terça-feira, num caso que está sendo comparado ao Watergate — que levou à renúncia do presidente Richard Nixon, em 1974. Desde então, um presidente americano nunca havia afastado uma autoridade que conduzia uma investigação de que é alvo.
Comey teria pedido mais recursos na semana passada a Rod J. Rosenstein, vice-procurador-geral, que também assinou o memorando do Departamento de Justiça usado para justificar a demissão do diretor do FBI, segundo as fontes, que falaram sob condição de anonimato.
O ex-diretor do FBI conversou com membros do Congresso nos últimos dias, contando sobre o encontro com Rosenstein, que é o mais alto oficial de justiça supervisionando a investigação sobre a Rússia. O procurador-geral Jeff Sessions se recusou a conduzir o inquérito devido à sua proximidade com a campanha de Trump os seus encontros com o embaixador russo, revelados posteriormente.
De acordo com o “New York Times”, o pedido de Comey não é uma evidência clara de que a demissão está relacionada às investigações sobre a Rússia. No entanto, dá mais combustível às críticas de que o presidente poderia estar tentando interferir em uma investigação que ameaça a sua Presidência.
O FBI ainda não comentou o assunto. Sem dar mais detalhes, Sarah Isgur Flores, porta-voz do Departamento de Justiça, disse que “a ideia de que Comey pediu mais financiamento” para a investigação da Rússia é “totalmente falsa”.
Na conversa com membros do Congresso, Comey teria dito que estava frustrado com a quantidade de recursos que estavam sendo dedicados à investigação da Rússia.
Um dia após ser demitido, James Comey é clicado em sua casa em McLean (Virgínia), nos arredores de Washington - Sait Serkan Gurbuz / AP
Trump demitiu Comey em meio a uma investigação sobre um possível conluio entre sua campanha presidencial de 2016 e a Rússia para influenciar o resultado da eleição e prejudicar a candidata Hillary Clinton. A demissão provocou a reação de alguns democratas do Congresso, segundo os quais a decisão passou a impressão de um acobertamento. Os republicanos, por sua vez, classificaram o momento da demissão como perturbador.
Na carta sobre o afastamento, Trump fez questão de ressaltar que Comey tinha lhe informado três vezes que ele não estava sob investigação, numa tentativa de negar preventivamente que sua decisão tenha sido motivada por interesses próprios. No entanto, Comey já havia dito publicamente que o FBI estava investigando a suposta interferência da Rússia nas eleições do ano passado.
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