quinta-feira, 11 de maio de 2017

LAVA-JATO: “Depoimento de Lula não teve nenhuma consistência”, diz procurador da Lava Jato

UOL
Blog do JAMILDO
Foto: EBC

Estadão Conteúdo – O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos principais nomes da força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF), afirmou nesta quinta-feira, 11, que o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro, nesta quarta-feira, 10, em Curitiba, não teve nenhuma consistência e é positivo para a acusação.
Em entrevista ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, no dia seguinte ao encontro com Lula no prédio da Justiça Federal, o procurador, que estava na sala do interrogatório na tarde de quarta, lamentou o fato de o petista ter imputado à ex-primeira-dama Marisa Letícia, morta em fevereiro, a intenção de adquirir o tríplex no Guarujá (SP), objeto da ação penal, como investimento.
“No geral, eu não vi nenhuma consistência nas alegações (de Lula). Infelizmente, as afirmações em relação à Dona Marisa a responsabilizando por tudo é um tanto triste de se ver feitas nesse momento até porque, como o ex-presidente disse, ela não está aí para se defender”, afirmou.
O procurador avaliou que o depoimento “transcorreu como tinha que transcorrer” e criticou os advogados do petista por ter criticado o MPF e acusado os procuradores e o juiz Sérgio Moro de terem feito perguntas que não constam na denúncia. “Talvez a defesa devesse olhar os autos com mais cuidado”, disse.
Para Santos Lima, a afirmação dada pelos advogados de Lula em coletiva de imprensa após a audiência sobre a atuação de Moro e do MPF no interrogatório “talvez sirva para confundir” e é “inadmissível”. “Para nós, ela é absolutamente sem sentido e capciosa”, completou.



Comentando o embate travado entre Lula e Moro quando o juiz questionou o réu sobre afirmações feitas na semana passada, quando o petista disse que prenderia quem hoje “inventa mentiras contra ele”, o procurador minimizou os efeitos das declarações de Lula. “Presidente não manda prender. Então isso era uma coisa que só podia ser uma forma de se expressar um pouco mais eloquente”, comentou.

O procurador afirmou que, obrigatoriamente, o MPF vai pedir mais diligências antes das alegações finais no processo. Santos Lima disse que os procuradores estão definindo neste momento o conteúdo dos próximos pedidos à Justiça.
Lula se contradiz sobre relação de Vaccari com DuqueFoto: Reprodução / Vídeo

Durante o depoimento, Lula voltou atrás em sua própria versão sobre se tinha conhecimento a respeito das relações entre o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, ambos condenados na Lava Jato.
Inicialmente questionado a respeito pelo juiz Sérgio Moro o petista disse ter descoberto a relação de ambos “pela denúncia do Ministério Público Federal”. Em seguida, no desenrolar do depoimento, Lula alegou ter pedido a Vaccari para marcar reunião com o ex-diretor da petrolífera, na qual o teria advertido sobre contas na Suíça.
O ex-presidente negou ter conhecimento dos ilícitos e de ter relação próxima com as indicações políticas na petrolífera. Ele atribuiu aos partidos políticos, bancadas partidárias e ministros a função de indicar nomes, mas admitiu que tinha a palavra “palavra final”, já que, do contrário, “não precisaria ter presidente”.
No contexto desta suspeita levantada pelo MPF, Moro questionou Lula sobre um encontro com Duque no Aeroporto Internacional de Congonhas. O ex-agente público admitiu, em depoimento, ter sido questionado por Lula, na ocasião, sobre se teria contas na Suíça Segundo Duque, ao ouvir uma negativa sobre a propriedade do dinheiro no exterior, Lula teria dito que “tranquilizaria a ex-presidente Dilma”. A reunião, de acordo com o depoente, teria acontecido em 2014, quando o petista não estava mais no cargo.
“Tive uma vez no aeroporto de Congonhas, se não me falha a memória, porque tinha vários boatos de corrupção e de conta no exterior. Eu pedi para que o Vaccari porque eu não tinha amizade com o Duque. Trazer o duque para conversar. Foi numa sala em Congonhas. E eu fiz a pergunta simples: tem matérias nos jornais e denúncias que você tem dinheiro no exterior. Que tá pegando da Petrobras e colocando no exterior. Você tem conta no exterior? Ele disse: ‘eu não tenho’. Eu falei: ‘acabou, se não tem, não mentiu pra mim, mentiu para ele mesmo'”, afirmou Lula.
“O Vaccari tinha mais amizade com ele do que eu. Eu não tenho nenhuma. Eu não sei se tem amizade. Liguei para o Vaccari e falei: Vaccari, você tem como pedir para o Duque ir numa reunião aqui? Ele falou tenho e ele levou Duque lá”, complementou.
Inicialmente, antes da declaração sobre o encontro, Lula havia dito que só tomou conhecimento da relação de Vaccari com Duque quando foi denunciado. “Não sei (se ambos tinha relação). Eu sei que tinha porque, na denúncia, aparece que eles tinham relação “
Mais tarde, no mesmo depoimento, após relatar a reunião em que admitiu ter pedido a Vaccari para intermediar o contato com o ex-diretor da estatal, o ex-presidente foi questionado por Moro: “Salvo equívoco, eu perguntei há pouco se o senhor sabia que ele tinha uma relação e o senhor disse: ‘não’. Então o senhor tinha conhecimento de que tinha essa relação”.
“Eu pedi para o Vaccari e perguntei se ele tinha como trazer o Duque numa reunião e ele falou que tinha. Isso não implica que ele tenha relação. Implica que ele podia conhecer.”
Ao ser questionado novamente se sabia ou não da relação entre ambos, Lula voltou a negar. “Eu quero lembrar o seguinte. Relação de amizade é uma coisa e relação é outra. Eu posso sair daqui dizendo: ‘olha, eu conheci dr. Moro, eu tenho relação com ele’. E, na verdade, não tenho.”
Moro voltou a perguntar sobre o tipo de relação que o ex-tesoureiro do PT tinha com o diretor da Petrobras.
“Não sei. O Vaccari está preso, você pode perguntar para o Vaccari. O Duque está preso, você pode perguntar ao Duque”, rebateu.

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