terça-feira, 1 de novembro de 2016

ECONOMIA: Após dois meses de queda, indústria avança 0,5% em setembro

OGLOBO.COM.BR
POR DAIANE COSTA

Frente a igual mês de 2015, recuo é de 4,8%; no ano, setor cai 7,8%

Fábrica da Peugeot Citroën, em Porto Real - Agência O Globo

RIO - A produção industrial brasileira avançou 0,5% em setembro frente a agosto, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo IBGE. O alívio vem depois de dois meses seguidos de queda. Frente a igual mês de 2015, o setor encolheu 4,8%. No resultado acumulado nos nove primeiros meses do ano, a perda é de 7,8%. Nos doze meses encerrados em setembro, a queda chega a 8,8%.
O IBGE destacou que, apesar de a produção industrial ter voltado a crescer na passagem de um mês para outro, entre os ramos industriais ainda predominam taxas negativas. A indústria do país está operando 20,7% abaixo do nível recorde, alcançado em junho de 2013. Ou seja, a indústria opera em patamar próximo ao de dezembro de 2008.
Com a divulgação dos resultados do mês de setembro, a indústria acumula queda de 5,5% no terceiro trimestre de 2016. Esta é a décima taxa negativa consecutiva na comparação entre trimestres, mas a menos intensa desde o último trimestre de 2014, quando o recuo ficou em 3,9%. A magnitude de queda na indústria foi menor que a do segundo semestre de 2016, quando encolheu 6,6%.
— Temos de relativizar esse resultado positivo na margem (na passagem de agosto para setembro), pois foi precedido de duas quedas seguidas (em julho e agosto) e só duas das quatro categorias e nove das 24 atividades tiveram crescimento. Há uma concentração desse crescimento em poucas atividades. Melhoras nas indústrias alimentícia, extrativa e de veículos automotores explicam esse crescimento na margem. Somadas, elas representam 35% do setor. Então, temos pouco mais de um terço da indústria explicando esse crescimento na passagem de mês — explica André Macedo, gerente de Indústria do IBGE.
O técnico destacou, ainda, que na comparação anual, permanece o quadro de queda de produção disseminada entre as atividades. O recuo de 4,8% em relação a setembro do ano passado é o 31º resultado negativo consecutivo nessa comparação.
QUEDA DE 8,8% EM 12 MESES
— Se o ano acabasse hoje, a produção industrial recuaria 8,8%. Em junho, esse recuo era de 9,8%. Há uma redução de magnitude de perda para esse tipo de comparação, mas continuamos com uma perda importante e superior a registrada no ano passado, quando a indústria recuou 8,3% — diz Macedo.
No acumulado do ano, temos 72% dos 805 produtos investigados com perdana produção.
Das quatro grandes categorias, duas tiveram desempenho negativo na passagem de mês. Bens de capital recuou 5,1% e bens de consumo semiduráveis e não duráveis caiu 1%. Bens intermediários teve alta de 1,2%, enquanto bens de consumo duráveis cresceram 1,9%. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, todas as categorias tiveram recuo na produção. A maior contração foi em bens de capital, que encolheu 7,2%.
Quando os grandes grupos são abertos, na passagem de agosto para setembro, somente nove dos 24 ramos pesquisados apontaram expansão na produção. Entre os setores, as principais influências positivas foram registradas em produtos alimentícios (6,4%), indústrias extrativas (2,6%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (4,8%), com o primeiro recuperando parte do recuo de 8% registrado em agosto; e o segundo eliminando a queda de 1,7% observada no mês anterior; e o último voltando a crescer após acumular perda de 12% nos meses de julho e agosto.
Entre os 14 ramos em queda, os desempenhos que tiveram maior peso no resultado geral da indústria foram máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-8,1%), de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-2,7%), de produtos de minerais não metálicos (-5%) e de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-6,2%).
Na comparação com igual mês do ano anterior, os resultados negativos também se disseminaram: 19 dos 26 ramos, 51 dos 79 grupos e 58,5% dos 805 produtos pesquisados tiveram queda na produção. Entre as atividades, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-12,5%) e indústrias extrativas (-9,2%) exerceram as maiores influências negativas sobre a média da indústria.
O setor de bens de capital (-7,2%), que teve a maior queda na comparação anual, entre as grandes categorias, voltou a mostrar queda na produção, após ter interrompido, em agosto, com alta de 6,2%, 29 meses de taxas negativas consecutivas. O segmento foi influenciado pelo recuo na maior parte dos seus grupamentos, com destaque para bens de capital para fins industriais (-13,9%) e equipamentos de transporte (-6%). As demais taxas negativas foram de bens de capital de uso misto (-11,9%) e para energia elétrica (-15,4%), enquanto bens de capital agrícola (6,4%) e para construção (4,1%) apontaram os resultados positivos em setembro de 2016.
O segmento de bens de consumo duráveis recuou 6,5% no índice mensal de setembro — foi o segundo maior recuo. Este é o trigésimo primeiro resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto, mas o menos intenso desde junho de 2015 (-0,5%). Nesse mês, o setor foi particularmente pressionado pela menor fabricação de motocicletas (-32,5%) e de eletrodomésticos da linha marrom (-11,2%) e da linha branca (-13,3%). Outros impactos negativos importantes vieram dos grupamentos de móveis (-6,4%) e de outros eletrodomésticos (-1,5%), enquanto o principal resultado positivo foi observado em automóveis (3,4%).
TERCEIRO ANO DE QUEDA
Pelo resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre do ano, a atividade industrial teve alta de 0,3% em relação ao trimestre anterior. Na comparação com o mesmo período de 2015, no entanto, o PIB do setor teve queda de 3%, apontou o IBGE.
O setor caminha para acumular três anos seguidos de retração, quando consideradas as revisões para 2016. Sob impacto da retração do setor automotivo, a produção da indústria brasileira teve queda de 8,3% no ano passado. Foi o pior desempenho da atual série histórica da pesquisa do IBGE, iniciada em 2003.

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