segunda-feira, 31 de outubro de 2016

MUNDO: Hillary vai da folga à tempestade perfeita

FOLHA.COM
ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, DE NOVA YORK

Se dias atrás o tempo parecia fechado para Donald Trump, a tempestade perfeita se arma agora contra Hillary Clinton.
Sua equipe já estava em modo de redução de danos após o aumento nas mensalidades do Obamacare e e-mails vazados pelo WikiLeaks em que assessores ironizavam de católicos à filha da chefe ("mimada").
Na sexta (28), o diretor do FBI, James Comey, anunciou a descoberta de e-mails que podem ser relevantes para uma investigação encerrada em julho, sobre Hillary usar um servidor privado, em vez do oficial, quando era secretária de Estado.
Andrew Harnik-28.out.2016/Associated Press 
A candidata democrata Hillary Clinton faz uma pausa em discurso em Des Moines, Iowa, na última sexta

A perspectiva de vitória folgada está em suspenso. No domingo (30), o site do estatístico Nate Silver dava a Hillary 78,9% de chance de ganhar, nove pontos a menos do que há duas semanas.
Já na média de pesquisas, Trump recupera o fôlego em Estados decisivos. Empatou na Flórida, onde estava quatro pontos atrás há dez dias.
Segundo autoridades, os novos e-mails foram encontrados no laptop do ex-deputado Anthony Weiner, 51, investigado por suspeita de trocar mensagens explícitas com uma garota de 15 anos (como pedir que ela se masturbasse num chat on-line).
Weiner se separou em agosto de Huma Abedin, braço-direito de Hillary.
Democratas criticaram Comey por agir a apenas 11 dias do pleito, numa carta vaga, com 166 palavras, enviada ao Congresso. Para John Podesta, chefe da campanha democrata, como seu anúncio não dá pistas se Hillary é culpada de algo novo, adversários o exageram "para causar máximo dano político".
Agentes federais conseguiram mandado para vasculhar o conteúdo, mas não sabem se terminarão a varredura antes da eleição, segundo o "New York Times".
Quando, em julho, Comey disse que a candidata foi "extremamente descuidada" mas não recomendou seu indiciamento, democratas o louvaram, e Trump o definiu como "um exemplo nojento" do "sistema corrupto".
O quadro se inverteu: aliados de Hillary lembram que Comey, indicado ao cargo por Obama, já doou para os ex-presidenciáveis republicanos Mitt Romney e John McCain.
Consenso nos dois espectros políticos: se Trump reage mal na berlinda, exibe sua melhor forma quando é a rival sob holofotes. "Nunca achei que diria obrigado a Weiner", disse em Las Vegas, no domingo.
De olho nos eleitores indecisos (cerca de 8%), republicanos reforçam a imagem já popular de que Hillary esconde algo. Gostam de lembrar que um assessor destruiu a marteladas BlackBerries que ela usou nos tempos de governo. Já ela tem a seu favor a eleição antecipada: 10% dos eleitores registrados votaram antes da nova bomba.
Hillary também conta com celebridades a seu lado. Jennifer Lopez fez um "showmício" em Miami, e a modelo Tyra Banks declarou: "Como o Bernie Sanders disse, basta destes malditos e-mails".
SURPRESA
Há um jargão, "surpresas de outubro", para notícias de impacto a dias da eleição –em 1964, a polícia fichou um aliado do presidente Lyndon Johnson flagrado com outro homem num vestiário da academia YMCA, e em 2000 emergiu que George Bush foi preso 24 anos antes, por dirigir bêbado.
Em 2016, o Obamacare – vitrine de Obama na área da saúde – é outro revés para democratas. Na semana passada, o governo divulgou o aumento médio de 22% nos preços de planos do programa –chega a 145% no Arizona.
Em 2010, Obama sancionou a lei que obriga todo americano a ter um seguro (ou paga multa), num país sem sistema público de saúde. Dos 20 milhões que aderiram ao Obamacare, 85% recebem alguma ajuda do governo.
A alta na tarifa prejudicará quem não é tão pobre para ganhar subsídio, tampouco rico para pagar um plano melhor. Ou seja, a classe média.
Nem entre democratas o Obamacare não é unânime. Outubro começou com Bill Clinton pondo a mulher numa saia justa ao defini-lo como "a coisa mais doida do mundo". 

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