sexta-feira, 19 de junho de 2015

ANÁLISE: PF chega à cereja do bolo empresarial com prisões de empreiteiros

Por IGOR GIELOW - OGLOBO.COM.BR
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma das perguntas que mais incomodava integrantes da cúpula da Polícia Federal desde 2014 era: "E quando vocês vão pegar a Odebrecht?". A história pode ser contada no pretérito, já que a maior empreiteira do país caiu na rede da Operação Lava Jato.
Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo, da Andrade Gutierrez, foram presos nesta sexta-feira(19) no âmbito das investigações da Operação Lava Jato.
O questionamento envolvendo a Odebrecht era malicioso, uma vez que havia inquérito aberto para apurar especificamente o papel da empreiteira, mas também era legítimo –todas as outras grandes construtoras do país ou foram investigadas ou tiveram executivos graúdos presos em algum momento da operação.
Seja como for, agora a PF poderá comprovar ou não suas suspeitas de que a Odebrecht, pelo tamanho e importância, tinha um esquema sofisticado e próprio de ação. A empresa nega tudo.
Do ponto da polícia, chegou-se à "cereja do bolo" da operação. A PF nunca escondeu que seu alvo principal na Lava Jato não eram os políticos que naturalmente seriam atingidos, mas sim as empreiteiras.
"Estamos atrás dos empregadores, não dos empregados", brincava já no fim do ano passado um envolvido na apuração, citando o conhecido papel central das empreiteiras como financiadores das campanhas políticas.
Neste sentido, o ciclo se completa com as prisões de hoje, que também atingem a poderosíssima Andrade Gutierrez.
Apesar do discurso de que "políticos só interessam aos políticos e aos jornalistas", a PF sabe que está isolada agora. O executivo da Andrade preso é muito próximo do PSDB, e a direção do órgão se prepara uma temporada de críticas sem o apoio político que vinha recebendo da oposição.
Isso, na opinião de delegados, pode se demonstrar em grande pressão sobre o Judiciário e o surgimento de denúncias contra envolvidos na investigação, visando formar um caso contra os procedimentos da Lava Jato.
Por outro lado, mesmo no governo e no PT há uma sensação de inevitabilidade nos desdobramentos agora, ameaçando uma avalanche sobre a classe política. Os próximos meses prometem mais emoções.

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