quinta-feira, 12 de março de 2015

CASO PETROBRÁS: PF indicia carregador de malas de dinheiro de Renato Duque

ESTADAO.COM.BR
REDAÇÃO
Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Mateus Coutinho e Fausto Macedo

Mário Góes, preso desde 8 de fevereiro pela Lava Jato como um dos principais operadores de propina na Diretoria de Serviços da Petrobrás é enquadrado por corrupção, lavagem e evasão
A Polícia Federal indiciou Mário Frederico de Mendonça Góes, acusado de ser um dos 11 operadores de propina na Diretoria de Serviços da estatal e carregador de malas de dinheiro para o ex-diretor Renato Duque, por corrupção ativa, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Mário Góes – como é conhecido – foi um dos principais alvos da nona fase da Lava Jato (Operação My Way). Ele está preso desde o dia 8 de fevereiro na Custódia da Superintendência da PF, em Curitiba. Ele nega irregularidades, em sua defesa.
Nas buscas realizadas pela PF no dia 5 de fevereiro foram identificadas notas fiscais e contratos entre uma empresa criada para prestar consultoria, a Riomarine, e sete empreiteiras do cartel alvo da Lava Jato (Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, MPE, OAS, Odebrecht, Setal e UTC).
Renato Duque é levado à sede da PF no Rio – Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo
Pelo menos R$ 39,7 milhões foram pagos para a Riomarine, entre 2008 e 2014, por supostos serviços de consultoria. ”Foram apreendidos apenas, e em grande número, documentos que simplesmente atestam intenso fluxo financeiro entre os ‘clientes’ e a Riomarine, entre ela e seus sócios e outras pessoas jurídicas, a exemplo de cheques, notas fiscais, transferências bancárias, etc.”
Sem qualquer funcionário no período em que emitiu a maior parte das notas (2009 e 2010) nem “relatórios de consultoria ou assessoria que denotassem o efetivo cumprimento” dos contratos milionários, as suspeitas dos investigadores da Lava Jato são que a Riomarine fosse uma fachada usada para “esquentar” o dinheiro da propina.
Único a ter prisão preventiva decretada na ocasião, há fortes indícios de que ele continuou atuando até novembro de 2014, mesmo após deflagrada a operação. A investigação revela que ele levava mochila com até R$ 400 mil em dinheiro vivo na Petrobrás.
O fato de Mário Góes agir intensamente até oito meses depois da deflagração da Operação Lava Jato, foi considerado “perturbador” pelo juiz federal Sérgio Moro – que conduz os processos do caso.
Trecho de relatório de indiciamento de operador Mário Góes
Nas buscas realizadas na casa e nas empresas de Mário Góes, no dia 5 de fevereiro, a Polícia Federal encontrou também depósitos de R$ 2,5 milhões em uma lavanderia em que ele foi sócio - até o dia 1.º de dezembro do ano passado - do ex-gerente de Engenharia da estatal Pedro Barusco, braço direito de Renato Duque.
Considerado um ’medalhão’ entre os operadores de propina alvos da nova fase da Lava Jato, batizada de Operação My Way, Mário Góes foi sócio do ex-gerente de Engenharia na lavanderia entre 2009 e dezembro de 2014 na JPA Lavanderia Industrial Ltda, com sede no Rio.
A sociedade se deu via Riomarine Empreendimentos Marítimos, empresa de Góes, aberta em 1987 quando era presidente da Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (Sobena), que tinha sido citada por Barusco como empresa em que foi registrada uma aeronave de R$ 1,3 milhão comprada pelos dois com dinheiro de propina.
Quando interrogado pela PF, Mário Góes silenciou sobre diversos questionamentos. Ele se recusou a responder sobre cartel e contas no exterior. Nove perguntas que lhe foram dirigidas não tiveram resposta. Ele invocou o “direito constitucional de permanecer calado” cada vez que a PF o questionava, por exemplo, sobre contas no exterior ou se recebeu ou intermediou recursos do cartel de empreiteiras na estatal.
Renato Duque tem negado reiteradamente recebimento de propinas. O ex-diretor de Serviços da Petrobrás chegou a ser preso pela Operação Juízo Final, desencadeada pela PF em novembro de 2014. Alguns dias depois ele foi solto por ordem do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal.

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