quarta-feira, 5 de junho de 2013

ECONOMIA: Dólar está em queda após redução do IOF; Bolsa sobe

De OGLOBO.COM.BR
JOÃO SORIMA NETO
COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Governo zerou IOF de 6% para investimento estrangeiro em renda fixa
No exterior, principais Bolsas estão em baixa nesta terça
SÃO PAULO - O dólar comercial está em queda na sessão desta quarta-feira após o governo zerar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para aplicações de estrangeiros em renda fixa. O IOF era de 6%, o que reduzia a rentabilidade para estes investidores e os afugentava do país. Por volta de 11h05m, a moeda americana estava sendo negociada a R$ 2,122 na compra e a R$ 2,124 na venda, uma baixa de 0,23%. Logo na abertura, a desvalorização era de 1,40%, com a divisa atingindo a cotação mínima de R$ 2,08.
Para o sócio da corretora de câmbio NGO, Sidnei Nehme, a retirada do IOF alterou a perspectiva futura para a moeda, mque é de queda com maior entrada de recursos, mas não mudou a situação atual onde há uma uma demanda mais forte por dólar.
- Por isso, a moeda abriu em forte queda e depois voltou a subir. É natural essa volatilidade neste momento. A medida do governo altera a perspectiva futura para a moeda. Quando começar a crescer o fluxo de recursos, acredito que a cotação do dólar vá buscar um ponto de equilíbrio entre R$ 2,00 e R$ 2,05, o que deve acontecer em três semanas. Além disso, os fundos de investimento nacionais estão comprados no mercado futuro em US$ 20 bilhões, por isso eles resistem. Se o dólar cai, eles perdem. Bancos e investidores estrangeiros estão vendidos em dólar futuro, e para eles, haverá ganho se o dólar ceder - explica o especialista.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abriu em queda, seguindo a tendência dos pregões europeus, mas inverteu o sinal. No mesmo horário, o índice se valorizava 0,24% aos 54.147 pontos. A maior alta é apresentada pelos papéis ON da OGX Petróleo, com valorização de 2,17% a R$ 1,41. Em empresa anunciou crescimento de 31% na produção de maior. A maior queda é dos papéis ON da Sabesp, com perda de 2,08% a R$ 25,85.
De acordo com analistas, a retirada do IOF vai atrair mais dólares para o país. Com isso, a pressão altista sobre a moeda é reduzida e evita repasses para a inflação. Na sexta-feira passada, a moeda americana fechou na maior cotação dos últimos quatro anos, vendida a R$ 2,14. Ontem, o dólar atingiu a cotação de R$ 2,15, na máxima do dia, mas recuou no final do pregão e fechou negociado a R$ 2,12.
- Essa iniciativa é oportuna e, combinada com o ajuste da política monetária em curso, deve impactar de forma favorável a leitura do mercado, sobretudo investidores estrangeiros, sobre a condução da política econômica no País, no sentido de menor intervencionismo do governo. Vemos, portanto, essa medida como o início de uma possível releitura positiva do mercado sobre as oportunidades de investimentos no Brasil - escrevem em relatório os economistas do Banco Bradesco.
Analistas vinham defendendo o fim do IOF sobre aplicações em renda fixa de estrangeiros para aliviar a pressão sobre a moeda estrangeira. Para eles, esta era uma distorção no mercado de câmbio, que afastava o investidor estrangeiro de curto prazo. Além disso, para os especialistas, os leilões de swap cambial tradicional, que equivalem a uma venda de dólares no mercado futuro, não poderiam conter a escalada do dólar.
- O quadro das contas externas tende a piorar, o que trará mais pressão altista para o dólar. Sem o IOF, a tendência é que mais dólares cheguem ao país, ajudando a financiar o déficit em conta corrente - afirma Nehme.
O dólar também vem se valorizando no exterior frente a outras moedas, como o dólar canadense e australiano. A divisa passou a subir com a perspectiva de que os EUA encerrem em breve o programa de estímulos à economia, através da compra de títulos. Isso porque a economia americana já estaria em ritmo de recuperação consistente. Na prática, a medida significará menos dólares no mercado.
No cenário doméstico também há fatores que pressionam a alta da moeda. Entre eles, estão exportações em queda, importações em alta e queda do fluxo de recursos estrangeiros para o país. Especialistas avaliavam que o dólar poderia rapidamente ficar acima dos R$ 2,15, considerado o teto informal da banda de flutuação da moeda pretendida pelo Banco Central. Alguns, apostavam num dólar entre R$ 2,20 a R$ 2,40 no curto prazo.
Para Ítalo Abucater, da Icap Brasil, o aumento do juro dos títulos americanos a taxa dos papéis de dez anos subiu de 1,6% para 2,1% nas últimas quatro semanas - voltou a atrair parte capital estrangeiro para os EUA neste momento. Por isso, a isenção do IOF é recebida com euforia, mas a simples mudança de regra não muda o quadro imediatamente.
- Na Bolsa, houve isenção das aplicações para os estrangeiros e na prática há saída de capital externo. Essa perda de atratividade do estrangeiro pelo Brasil é resultado do que plantamos, com intervencionismo do governo. O câmbio vinha sendo usado como instrumento para conter a inflação. O Banco Central fazia moeda flutuar entre bandas. E no mercado futuro de dólar ainda há o IOF, o que continua pesando da decisão do investidor estrangeiro de vir para o Brasil - diz Abucater.
O ministro Guido Mantega disse que a medida não tem como objetivo conter a inflação, que está próxima do teto de 6,5% fixado pelo governo. Mas os analistas afirmam que, além do aumento da taxa básica de juro de 7,5% para 8%, conter a escalada do dólar ajuda a segurar a inflação. Isso porque com a moeda americana em alta, as importações de matérias-primas e produtos encarecem e acabam tendo impacto nos preços.
O fim do IOF nas aplicações de renda fixa para estrangeiros também tem impacto nos contratos de juros futuros. Na BM&F, o contrato de DI para janeiro de 2015 cai de 8,94% para 8,90%. O DI com vencimento em janeiro de 2016, passa de 9,35% para 9,25% e o papel com vencimento em janeiro de 2017 recua de 9,62% para 9,49%, movimentando R$ 4,136 bilhões. Os contratos com vencimento em janeiro de 2014 estão estáveis em R$ 8,43%. Além disso, dados econômicos da China e dos EUA também influenciam o mercado de juros futuros.
Na China, o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços da China subiu para 51,2 pontos em maio, de 51,1 pontos em abril, de acordo com dados divulgados pelo instituto de pesquisas Markit Economics em parceria com o HSBC. E nos Estados Unidos, o número de vagas criadas pelo setor privado atingiu 135 mil em maio, abaixo dos 157 mil novos empregos estimados por analistas. Em abril, foram criadas 119 mil novas vagas. Com o resultado abaixo do esperado, as apostas na redução de estímulos à economia pelo Federal Reserve nos devem diminuir.
Nos EUA, os principais índices acionários estão em queda. O S&P 500 perde 0,54%; o Dow Jones se desvaloriza 0,46% e o Nasdaq tem baixa de 0,47%.
Na Europa, as Bolsas estão erm queda. O índice Ibex, da Bolsa de Madri, perde 0,52%; o Dax, do pregão de Frankfurt, tem queda de 0,59%; o Cac, da Bolsa de Paris, recua 0,95% e o FTSE, do pregão de Londres, cai 1,43%. A agência de estatísticas europeia Eurostat confirmou nesta quarta-feira sua estimativa de que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro recuou 0,2% no primeiro trimestre na comparação com os três meses anteriores.

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