quinta-feira, 6 de junho de 2013

ECONOMIA: Banco Central diz que inflação está mais forte e persistente

De OGLOBO.COM.BR
GABRIELA VALENTE

Aperto maior nos juros vai assegurar inflação em declínio em 2014, segundo ata do Copom
Comitê afirma que precisou agir de forma tempestiva para impedir que expectativas ruins aumentassem ainda mais a inflação
BRASÍLIA - O Banco Central explicou que resolveu acelerar a alta dos juros porque a inflação está mais forte, persiste em não cair, tende a acelerar-se e contamina as expectativas não apenas de investidores, mas de consumidores. A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira, diz que a decisão “tempestiva” de aumentar a taxa básica de juros — por unanimidade — de 7,5% ao ano para 8% contribuirá para colocar a inflação numa rota de declínio e assegurar que essa tendência persista no ano que vem.
No texto, o Copom diz que há “mecanismos formais e informais de indexação” e chama atenção para um deles: a percepção dos agentes econômicos. Ou seja, a própria expectativa de uma inflação mais alta no futuro já faz o empresário aumentar o preço preventivamente para se proteger da inflação. Isso gera mais inflação.
“Tendo em vista os danos que a persistência desse processo causaria à tomada de decisões sobre consumo e investimentos, faz-se necessário que, com a devida tempestividade, o mesmo seja revertido”, afirmou o Copom. “Para tanto, o Comitê entende ser apropriada a intensificação do ritmo de ajuste das condições monetárias ora em curso”.
O texto, no entanto, não deixou claro porque dois diretores (Aldo Luiz Mendes e Luiz Awazu Pereira) que tinham votado pela manutenção em 7,25% em abril, dividindo a decisão do Banco Central, decidiram agora pelo aperto mais forte.
O BC repetiu a expressão usada no documento anterior e reiterou que está “especialmente vigilante” para fazer com que a inflação não persista no futuro. E avalia que, no curto prazo, a inflação em 12 meses ainda apresenta tendência de elevação e que o balanço de riscos para o cenário ainda é desfavorável.
Contribui para isso a falta de mão de obra que se traduz em alta dos salários acima do que seria compatível com a competitividade das indústrias brasileiras. Isso aumenta o custo de produção que rebate nos preços aos consumidores.
“Não obstante sinais de moderação, o Comitê avalia que a dinâmica salarial permanece originando pressões inflacionárias de custos”.
Outro ponto incluído na ata divulgada hoje trata da alta da moeda americana. O Copom destacou que há uma maior “volatilidade e de tendência de apreciação do dólar dos Estados Unidos”. No entanto, ressaltou que esse é um evento mundial.
Anteontem, preocupado com a alta da moeda americana, o governo brasileiro anunciou a retirada da taxação para aplicações de estrangeiros em renda fixa no Brasil. A apreciação do dólar aumenta os preços no Brasil, já que a economia importa bastante.
Por outro lado, o BC revisou a previsão para a inflação para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados. Em 2013, a estimativa de alta caiu de 2,7% para 2,5%.
Sobre crescimento, o comitê afirmou que, mesmo com limitações na produção, vê um ritmo de crescimento mais intenso não apenas neste ano, mas também em 2014. E essa velocidade de expansão da economia estaria alinhada com o crescimento potencial, ou seja, não traria inflação.
“Nesse contexto, informações recentes indicam retomada dos investimentos e continuidade do crescimento do consumo das famílias, favorecido pelas transferências públicas e pelo vigor do mercado de trabalho — que se reflete em taxas de desemprego historicamente baixas e em crescimento dos salários. De modo geral, a absorção interna vem se expandido a taxas maiores do que as de crescimento do PIB e tende a ser beneficiada pelos efeitos de ações de política fiscal, pela expansão da oferta de crédito para pessoas físicas e empresas, e pelo programa de concessão de serviços públicos, entre outros fatores.
Para o Copom, a decisão recente de voltar a subir os juros só terão impacto na demanda interna daqui alguns semestres.

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