quarta-feira, 28 de novembro de 2012

CORRUPÇÃO?: Delator de esquema diz que Paulo Veira queria aproximá-lo de Dirceu

De OGLOBO.COM.BR

Ao ‘JN’, Cyonil da Cunha Borges disse que conheceu ex-diretor da ANA em 2002
Cyonil da Cunha Borges concedeu entrevista ao ‘Jornal Nacional’ - REPRODUÇÃO

RIO - Ex-auditor do Tribunal de Contas da União e delator do esquema de venda de pareceres investigado na Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, Cyonil da Cunha Borges disse que o ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Vieira, preso e indiciado na operação, queria aproximá-lo do ex-ministro José Dirceu por um motivo específico. Em entrevista ao “Jornal Nacional”, da TV Globo, Cyonil conta ter ouvido de Vieira que o ex-ministro teria interesse em um processo do TCU sobre a empresa Tecondi, no porto de Santos.
Cyonil relata ainda ter recebido durante um almoço uma oferta de propina das mãos de Paulo Vieira em uma folha de papel.
- Na ocasião, ele escreveu que o processo era de suposto interesse de José Dirceu, e escreveu R$ 300 mil e passou para mim - disse ele ao “JN”.
O ex-auditor do TCU contou que conheceu Vieira, apontado pela PF como chefe da quadrilha, em 2002. Os dois ficaram mais próximos em 2008, quando o ex-diretor da ANA teria convidado Cyonil para dar uma palestra na Advocacia-Geral da União sobre portos, assunto da especialidade do então auditor. Dois anos depois, Cyonil diz ter recebido um convite de Vieira.
- Num determinado dia, ele disse: vou estar na cidade e vou para o aniversário do ex-ministro José Dirceu, quer vir comigo? Obviamente, recusei - contou.
Para Cyonil, as citações a Dirceu não eram claras.
- Uma hora fala que o dinheiro vinha da empresa, o empresário ia pagar. Outra hora que era de interesse do Dirceu, e esse dinheiro adviria de José Dirceu.
Cyonil confirma ter recebido de Paulo Vieira dois pacotes com R$ 50 mil cada um e que o dinheiro seria um suborno em troca de ajuda no processo da Tecondi. O delator não foi indiciado porque entregou R$ 100 mil à polícia quando foi fazer a denúncia.
No inquérito, aparecem e-mails em que Cyonil pede mais dinheiro a Paulo Vieira. Ele diz, no entanto, que essa era uma forma de juntar provas contra os que estavam tentando corrompê-lo:
- Não fiz nada, nunca pedi coisa alguma. O que eu queria era realmente colher informações para levar à Polícia Federal.
Os relatórios da polícia confirmam que os e-mails foram entregues pelo próprio Cyonil. Ele juntou o material desde dezembro de 2008, e disse que não fez a denúncia no momento em que recebeu o dinheiro porque seria um simples auditor desafiando forças bem mais poderosas:
- Não tinha provas, não tinha nada. E se eu, naquele momento, levasse, como a própria Polícia Federal falou: por que você não trouxe? A palavra de um servidor contra a de um diretor de uma agência reguladora.
O ex-auditor disse que teve várias reuniões com Paulo Vieira no escritório da presidência da República em São Paulo e, durante uma delas, apresentado à chefe de Gabinete Rosemary Nóvoa de Noronha,indiciada na operação e exonerada do cargo. Ele afirma, no entanto, que o único contato que teve com ela foi visual e que somente a cumprimentava.
Em nota ao “JN”, Dirceu informou que não tem relação pessoal, nem profissional com Vieira, nem com Cyonil. Dirceu diz que se Vieira usou o nome dele em conversas com outras pessoas, o fez de maneira indevida. O ex-ministro afirma não ter nenhum interesse nas atividades da empresa Tecondi. Dirceu diz que se considera caluniado com as menções a seu nome feitas agora, e que estuda com seus advogados as providências judiciais cabíveis. O advogado de Paulo Vieira não foi encontrado.

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