Do UOL, em São Paulo
Janaina Garcia
O governo da presidente Dilma Rousseff divulga desde o início deste mês, no
Estado e na cidade de São Paulo, inserções de TV com propaganda de programas
federais que eram capitaneados pelo agora ex-ministro da Educação, o hoje
pré-candidato à prefeitura paulistana Fernando Haddad (PT).
Entre os programas citados nos vídeos estão o Pronatec e o ProUni --um dos
principais trunfos e bandeiras do PT para alavancar o nome de Haddad, estreante
em eleições, na disputa paulistana.
As inserções, veiculadas em várias faixas de horário na TV aberta no feriadão
de Corpus Christi, têm em média 30 segundos de duração, cada uma, e foram
veiculadas também nos demais Estados da federação.
Inserção do governo Dilma em SP lista programas de Haddad
Segundo a Secretaria Nacional de Comunicação (Secom) da Presidência da
República, as peças integram a campanha “Tem um Brasil Melhor” e serão
veiculadas até 5 de julho deste ano --véspera da data que, pelo cronograma da
Justiça Eleitoral, fica permitida a propaganda eleitoral de rua e também
através do Twitter.
Para analistas políticos consultados pelo UOL, porém, as
inserções na cidade de São Paulo extrapolam a mera prestação de contas do
governo federal, conforme justificativa da Secom, e atrelam os programas do
Ministério da Educação ao pré-candidato petista.
Para o cientista político Ricardo Caldas, da UnB (Universidade de Brasília),
o avanço de cinco
pontos percentuais de Haddad da última pesquisa Datafolha, em março (quando
o petista tinha 3% das intenções de voto), para o levantamento de domingo
passado (8%), já seria consequência das ações de propaganda do governo
federal.
“Todos os candidatos querem a mesma coisa, que é a exposição de TV. E o
Haddad dar um salto desses na pesquisa após essas inserções todas não é outra
coisa senão consequência de campanha disfarçada, tendo em vista até que ele não
é uma figura tão ligada assim à militância paulista”, disse Caldas.
O cientista político Cláudio Couto, professor da Fundação Getúlio Vargas,
considerou que a iniciativa do governo federal pode beneficiar não apenas
Haddad, como outros candidatos a prefeituras vinculados ao governo Dilma pelo
país. “Isso é provável, pois ninguém faz propaganda à toa. É o tipo de situação
que pode tanto reforçar uma posição politica quanto beneficiar candidatos
identificados com o governo, muito embora o eleitor vote na esfera municipal
–aí, talvez o efeito de atrelamento seja mais diluído”, avaliou~.
Já o cientista político Valeriano Costa, da Unicamp (Universidade Estadual de
Campinas), disse acreditar que o efeito das inserções que citam programas do
MEC, em São Paulo, “terão um efeito muito limitado” no sentido de beneficiar o
candidato de Dilma.
“Porque o grande desafio dele [Haddad] é ser conhecido na periferia, que, em
grande parte, não lê jornal e dificilmente sabe quem ele é a ponto de vinculá-lo
a um programa do MEC. Talvez isso [o fato de Haddad ter comando tais programas]
seja explicitado durante a campanha, mas pelo menos já indica uma estratégia que
deverá ser fortemente utilizada até o pleito”, afirmou Costa.
Outro lado
Em nota, a Secom informou que os vídeos integram campanhas publicitárias
“institucionais e de utilidade pública” que visam a “reforçar e integrar a
comunicação institucional de governo”. O material, informou o governo, é feito
desde 2005 com ações, programas e obras específicos de cada região do país.
Pela campanha “Tem um Brasil Melhor”, complementou a Secom, são divulgados
programas das áreas de da infraestrutura, saúde, educação e desenvolvimento
social. Além dessa, a secretaria disse que também estão em andamento a campanha
“Rio+20”, iniciada no último dia 12 e com previsão de término no próximo dia 23,
e a campanha “Brasil Carinhoso”, com as ações de combate à miséria, veiculada
entre 17 e 29 de junho.
A assessoria da campanha Haddad foi procurada pelo UOL para
comentar o assunto, mas não retornou o contato.
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