quinta-feira, 21 de julho de 2011

MUNDO: Especialistas europeus, conhecidos como 'cinco sábios', sugerem perdão de metade da dívida da Grécia


De O GLOBO

Graça Magalhães-Ruether, correspondente (graca.magalhaes@oglobo.com.br)

BERLIM - Um clima de nervosismo tomou conta da capital alemã pouco antes do início da cúpula da União Europeia em busca de uma solução para o problema do endividamento da Grécia e da crise do euro. Para os cinco mais importantes institutos de pesquisa econômica do país, os chamados "cinco sábios", especialistas que fornecem análises para o governo alemão, a situação é crítica e o euro pode estar perto do seu fim. Os cinco sábios, que normalmente manifestam-se apenas uma vez por ano para fazer as previsões sobre a economia do país, sugeriram um "plano B", que prevê, entre outras coisas, um corte da dívida grega em 50%.
Depois que o ex-chanceler Helmut Kohl, um dos fundadores do euro juntamente com o ex-presidente francês François Mitterrand, afirmou que o atual governo alemão estaria destruindo "a minha Europa", os cinco sábios concluíram que apenas novos pacotes de empréstimos e de garantias, decisão que deve ser tomada nesta quinta, em Bruxelas, por ocasião da Cúpula da UE, não seriam suficientes para resolver o problema.
- Com a alta probabilidade de fracasso do plano A (medidas tomadas até agora), há o perigo de um bail-out (resgate) em cadeia ou de um racha descontrolado da União Monetária Europeia - dizem os institutos em um comunicado divulgado na quarta-feira pelo jornal "Frankfurter Allgemein Zeitung".
Para Peter Bofinger, da Universidade de Würzburg e um dos "cinco sábios", apenas um novo pacote de até 120 bilhões de euros para salvar a Grécia da insolvência não resolveria o problema. Segundo ele, está claro que nem a Grécia nem a Irlanda ou Portugal estariam em condições de pagar a dívida que têm contraído nos pacotes de ajuda na atual crise de endividamento. A economia desses países estaria estrangulada pelo ônus da divida e ameaçada de profunda recessão, o que agravaria ainda mais o problema.
Wolfgang Franz, do Centro de Pesquisa Econômica Européia de Mannheim e chefe do grupo dos "cinco sábios econômicos", disse que a Europa tem no momento a "escolha entre a peste e a cólera". Das duas opções, a melhor seria a cólera, indesejável mas assim mesmo um meio de sobrevivência da União Monetária e, com isso, do euro como moeda dos paises membros do grupo.
- Com a redução da dívida grega em 50%, o grau de endividamento cairia de 160% para 106% do PIB - diz o documento divulgado pelos economistas.
Com a iniciativa, os economistas alemães querem pressionar o governo alemão a um engajamento maior na busca de uma solução para a crise. Bofinger sugeriu uma espécie de "plano Marshall" com ajuda da União Europeia para que a economia grega se torne novamente competitiva.
Segundo o plano dos "cinco sábios", a dívida grega poderia ser reduzida em 50% se para cada título grego no valor de cem euros seja oferecido um titulo do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF) no valor de 50 euros.
Com isso, os credores, também os bancos privados, em grande parte da França e da Alemanha, perderiam o capital que investiram na Grécia, como reconheceram os economistas.
- A desvantagem desse plano B seria que os bancos que perderam muito dinheiro na Grécia precisariam ser amparados. Além disso, há o risco de uma reação em cadeia, que afetaria outros paises problema. Para a Irlanda e Portugal não seria problemático, já que esses dois países já são financiados pelo EFSF - dizem os cinco sábios, lembrando que medidas precisariam ser tomadas "apenas" no caso da Espanha e da Itália.
O ex-ministro da Fazenda da Alemanha Hans Eichel disse que a crise do euro é uma crise de endividamento de todos os países industrializados e mostra como "o peso global foi transferido em direção aos países emergentes". Em entrevista à Radio da Alemanha, Eichel, que foi ministro do governo do ex-chanceler Gerhard Schröder, lembrou que também a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, que não estão envolvidos na crise do euro, têm uma crise de endividamento.
Para Eichel, a crise do euro só será resolvida quando os países mais ricos do grupo do euro passarem a apoiar mais os países endividados. Ele sugeriu um fortalecimento do EFSF. Este e não o Banco Central Europeu (BCE) deveriam "comprar os títulos dos paises endividados", sugeriu o ex-ministro.

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