MUNDO: Ministro da França diz que Otan não está fazendo o suficiente para proteger civis na Líbia

De O Globo

Agências internacionais TRÍPOLI e PARIS - O ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppé, disse nesta terça-feira que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) não está fazendo o suficiente para proteger os civis na Líbia. Juppé se referiu especialmente a Misurata - única cidade sob controle dos rebeldes no oeste da Líbia -, onde, para ele, a Otan deveria destruir as armas pesadas que estão sendo usadas pelas tropas do ditador Muamar Kadafi. O ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague, também pediu mais esforços da Otan. - A Otan deve cumprir plenamente seu papel. Quis assumir a direção das operações e nós aceitamos - disse Juppé à rádio France Info antes de viajar para Doha nesta terça-feira, para uma reunião de grupo de contato da Líbia. - Agora deve cumprir seu papel, o que significa impedir que Kadafi utilize armas pesada para bombardear a população civil. Inicialmente, a França quis comandar a ofensiva na Líbia, mas a aliança assumiu o controle das operações sob pressão dos EUA após dias de negociação e resistência de alguns países, especialmente da Turquia. Quando perguntado se a Otan estava fazendo o suficiente, o chanceler francês respondeu que "não". Juppé também aproveitou para criticar a União Europeia. Ele pediu que, como o bloco não quis se comprometer militarmente, que pelo menos considere prioritário intensificar a ajuda humanitária. Já o chanceler britânico afirmou que a "Otan deve instensificar seus esforços" para proteger os civis. Ele convocou outros países da aliança a fazer como seu país e oferecer mais aviões para os ataques na Líbia. - O Reino Unido ofereceu mais aviões capazes de alcançar objetivos no solo que ameacem a população civil - afirmou Hague. - Com certeza seria apreciável se outros paíse fizessem o mesmo. Antes da França, os próprios rebeldes já haviam criticado a Otan. Os líderes do grupo que tenta tirar Kadafi do poder há semanas consideram a ação da aliança lenta e também denunciaram ataques a alvos errados, que terminaram provocando a morte de colegas. A TV estatal líbia disse nesta terça-feira que um ataque aéreo da Otan na cidade de Kikla, a 100 quilômetros ao sul deTrípoli, matou civis, entre eles mulheres e crianças, e membros das forças policiais.