quarta-feira, 14 de outubro de 2009

ARTIGO: BURRICE CONTINUADA

Por Carlos Chagas

Não dá para calar, ainda que todo ano aconteça o estupro de sempre, levando muita gente a relaxar, mesmo não gozando. Mais uma vez, à meia-noite do próximo domingo, os relógios precisarão ser adiantados em uma hora, em nome desse abominável horário de verão. Ninguém foi consultado. Qualquer que seja o governo, todos os governantes lançam-se ao roubo de uma hora de sono dos cidadãos, em metade do Brasil. No Norte e no Nordeste, que reagiram, os ponteiros ficarão onde estão, mas nos estados mais populosos, não tem remédio. Quem for trabalhar, da segunda-feira em diante, acordará antes do sol. Os estudantes irão para o colégio sonolentos e aproveitarão a primeira aula para tirar a diferença.
Tudo se faz automaticamente, sem discussão nem ponderações, porque a moda é essa, há décadas. O pretexto continua de economizar energia à noite, sem que os tecnocratas se dignem calcular quantas lâmpadas precisarão ser acesas pelas madrugadas. Sem falar na alegria dos assaltantes próximos dos pontos de ônibus ou das estações do metrô, nas grandes cidades.
Falta cidadania, do Centro-Oeste para baixo, capaz de levar o contribuinte a insurgir-se e não adiantar o relógio. Como também a mídia carece de coragem para deixar a programação de rádio e televisão nos horários anteriores. Da mesma forma as empresas de transporte aéreo, rodoviário e ferroviário. Se elas ignorassem o decreto presidencial, demonstrariam que o governo pode muito, mas não pode tudo.
Alguns privilegiados, daqueles que moram à beira-mar, alegarão estar chegando em casa uma hora mais cedo, prontos para ir à praia. A maioria, porém, reclamará do jantar antecipado.
Na fronteira de Minas e do Espírito Santo com a Bahia, será o caos para quem mora num estado e trabalha no outro. A opção será ficar pronto para o batente e atravessar a rua ou a ponte às sete horas e verificar que do outro lado ainda são seis horas. Ou, ao contrário, chegar uma hora atrasado. Sem esquecer a volta.
Em suma, o horário de verão é um esbulho que não nos cansaremos de denunciar, como vimos fazendo há tempos. Ao menos, para demonstrar que estão quebrando nosso relógio biológico, reduzindo durante muitos dias a capacidade de trabalho e a produtividade de uns, bem como o aproveitamento escolar de outros. Tudo para, em fevereiro, depois de estarmos acostumados ao novo horário, atrasarmos os relógios...

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